«The next great heresy is going to be simply an attack on morality; and especially on sexual morality. And it is coming, not from a few Socialists surviving from the Fabian Society, but from the living exultant energy of the rich resolved to enjoy themselves at last, with neither Popery nor Puritanism nor Socialism to hold them back... The roots of the new heresy, God knows, are as deep as nature itself, whose flower is the lust of the flesh and the lust of the eye and the pride of life. I say that the man who cannot see this cannot see the signs of the times; cannot see even the skysigns in the street that are the new sort of signs in heaven. The madness of tomorrow is not in Moscow but much more in Manhattan.»
[G. K. Chesterton, G. K.’s Weekly, June 19, 1926; quoted in Maycock, The Man Who Was Orthodox, 123]

«... Alguns  italianos, no entanto, estavam igualmente preocupados com o efeito que os filmes americanos estavam a ter em Itália. Uma dos mais preocupados era o Papa Pio XII, que tinha muito para dizer sobre o papel da televisão e do cinema. Mas, à medida que Pio XII lentamente  foi envelhecendo durante os anos 50, outros assumiram a sua causa. O Cardeal Alfredo Ottaviani estava tão apreensivo com os efeitos do cinema que criou a sua própria rede de cinemas, para garantir que apenas filmes que não tivessem efeito prejudicial sobre a moral fossem exibidos.

Ottaviani e Tardini estavam convencidos de que a Igreja não se encontrava preparada para enfrentar a investida contra a moral e a vida familiar orquestrada pelos media, a indústria do espectáculo e os Estados Unidos, seu suposto parceiro na cruzada anticomunista.

No seu documento sobre “A Ordem Moral”, datado de 15 de Janeiro de 1962, Ottaviani criticava a “tentativa de transformar, o útil, o agradável, o bem da raça, os interesses de classe ou o poder do Estado, em critérios de moralidade.”

O documento de Ottaviani constituía um ataque a ambos os lados da Guerra Fria, mas rapidamente se tornava perceptível, ao lê-lo, que os ataques ao aliado da Igreja na luta anticomunista tinham precedência sobre os ataques ao seu inimigo comum.

 Ottaviani condenava aqueles que criavam “ conflitos fictícios. . . entre arte e moralidade, ou entre liberdade de expressão e consciência ”, uma referência oblíqua à situação cada vez mais difícil da Legião da Decência nos seus esforços para conseguir manter os padrões morais da indústria cinematográfica perante os persistentes esforços de Hollywood para exibir cenas de nudez  no grande ecrã.

Ottaviani atacava todos os “erros que degradam a dignidade humana sob o falso pretexto de libertar o homem de laços que pretensamente restringem a sua natureza. E, continuava, “a ordem moral tem a tarefa, não apenas de conduzir o homem ao seu verdadeiro fim, mas de o defender contra todas as doutrinas e práticas que tornam a sua mente escrava de costumes e paixões que são contrários à dignidade do seu intelecto. ”

Tornar as as mentes escravas de "paixões que são contrárias ao intelecto" era precisamente o objectivo das agências de Guerra Psicológica americanas; a sua propaganda visava conseguir que as respectivas mensagens escapassem ao controle racional das mentes, manipulando-as de forma a levar as pessoas a comprar coisas que  não precisavam ou a aderir a ideias que lhes eram prejudiciais.  

À medida que  Ottaviani prosseguia, o objecto de sua ira tornava-se cada vez mais evidente. Depois de nos dizer que “a ordem moral defende os princípios imutáveis ​​da modéstia e da castidade cristã”, continuava afirmando que, “conhecemos bem as energias que estão a ser despendidas pelo mundo da moda, do cinema e da imprensa para abalar os alicerces da moralidade cristã, como se o Sexto Mandamento devesse ser considerado antiquado e devesse ser dada rédea solta a todas as paixões, mesmo àquelas que são contra a natureza. Devem ser condenadas todas as tentativas de fazer reviver o paganismo e todas as tendências que, socorrendo-se da psicanálise, pretendem justificar até mesmo aquelas coisas que são mais directamente contrárias à ordem moral ”.

Moscovo dificilmente poderia ser descrita como a líder do “mundo da moda”, nem como uma importante produtora de filmes. O ataque aqui era manifestamente contra o Ocidente em geral e Hollywood em particular. Ottaviani condenava  “o mundo moderno”  in toto, com a sua ênfase no “progresso técnico, os seus modos de vida e os seus crescentes meios de propaganda e publicidade”.

Propaganda e publicidade que, é bom lembrar, eram o  modus operandi por excelência dos Estados Unidos e da CIA, putativos aliados do Vaticano na guerra contra o comunismo.

Mas, no início dos anos 60, essa aliança  tinha acabado. E tinha terminado principalmente porque se tornara claro que a “a propaganda e a publicidade”, contra as quais Ottaviani advertia, estavam a ser usadas mais - e muito mais eficazmente - contra os católicos do que contra os comunistas. Havia sinais de ambos os lados - Ostpolitik por parte do Vaticano e a campanha anticoncepcional por parte dos Rockefeller (para quem, convenientemente, a natalidade era a origem de toda a pobreza e não a concentração das riquezas nas mãos de uns poucos) - de que uma nova era estava a despontar; uma era que atingiria o seu ápice em 1974 na Conferência de Bucareste sobre População mundial, patrocinada pelas Nações Unidas, onde o Vaticano viria a formar uma aliança com os países do bloco comunista e do terceiro mundo para bloquear a tentativa dos Rockefeller de instituir quotas malthusianas de natalidade em todo o mundo. » 

E. Michael Jones, Libido Dominandi


Comentários

  1. Saliento 2aspectos; talvez que o acordo do Vaticano com a URSS tenha influenciado o desenrolar do 25 Abril e descolonização das colónias portuguesas, os padres nas colónias ficaram estranhamente calados. O 2 aspecto tem a ver com o cinema TV e cultura americana mais propriamente a indústria porno disseminada pelo Tio Sam , pensou bem, quem são os patrões dessa indústria? Será que não são aqueles que ficam a abanar a cabeça junto ao muro? Sim esses mesmo que vestem de preto e mandam em wall street.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue