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Mostrando postagens de fevereiro, 2023
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                                                                                                                      A Ilusão Corpórea O que separa, a humanidade normal, dos abortistas, gayzistas, globalistas, marxistas, liberais materialistas e outras criaturas afectadas pela mentalidade revolucionária não é uma questão de opinião ou crença: é uma diferença mais profunda, de ordem imaginativa e afectiva. Já Aristóteles ensinava – e a experiência de vinte e quatro séculos não cessa de o confirmar – que a inteligência humana não forma os conceitos directamente a partir dos objectos da percepção sensível, mas a partir de formas conservadas na memória e alteradas pela imaginação.  Isto quer dizer que aquilo que saia dos limites do respectivo imaginário será, para um ser humano, perfeitamente inexistente. O imaginário, por sua vez, não reflecte somente as disposições do indivíduo, mas os esquemas linguísticos e simbólicos transmitidos pela cultura. A cultura tem o poder de moldar o
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                                                                            ESTRANHOS NOVOS AMIGOS Quando morreu, Stefano Martella, director de uma companhia de seguros, que vivera, pecara, trabalhara e "vencera na vida" à superfície da Terra durante quase cinquenta anos, encontrou-se numa cidade maravilhosa, feita de palácios sumptuosos, ruas largas e regulares, jardins, negócios prósperos, carros luxuosos, cinemas e teatros, gente bem nutrida e elegantes, um sol límpido, tudo muito bonito de se ver. Ele caminhava tranquilamente por uma avenida e ao seu lado um cavalheiro muito amável dava-lhe explicações. "Eu sabia" - pensava para consigo - "não podia ser outra coisa; trabalhei durante toda a vida, não faltei com nada aos meus, deixei aos meus filhos uma herança respeitável, fiz em suma,  o meu dever;  estou, portanto, no paraíso." O cavalheiro que o acompanhava disse que se chamava Francesco e que estava ali há uma dezena de anos.  - Satisfeito? - pergu
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                                                 Psalmo                                       Esperemos em Deus! Ele há tomado                                     Em suas mãos a massa inerte e fria                                     Da matéria impotente e, num só dia,                                     Luz, movimento, acção, tudo lhe há dado.                                      Ele, ao mais pobre de alma, há tributado                                    Desvelo e amor: Ele conduz à via                                    Segura quem Lhe foge e se extravia,                                    Quem pela noite andava desgarrado.                                      E a mim, que aspiro a Ele, a mim, que O amo,                                    Que anseio por mais vida e maior brilho,                                    Há-de negar-me o termo deste anseio?                                      Buscou quem O não quis: e a mim, que O chamo,                    
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                                                                   QUEM A TEM CHAMA-LHE SUA A televisão americana submete continuamente o espectador à mais intensa propaganda política de que há memória no Ocidente democrático. Desde séries policiais a sticoms , desde concursos a programas de “variedades”, desde o noticiário ao boletim meteorológico, literalmente tudo o que se vê, incluindo os anúncios, tem por fim demonstrar e glorificar a grandeza dos Estados Unidos, o seu Destino Manifesto de corrigir o mundo, a incomparável perfeição das suas instituições, a excelência do homus americanus … O universo da televisão americana é, em sentido próprio, um universo totalitário. Nada fica fora da ortodoxia política e nada a contradiz. Ao fim de três ou quatro semanas um europeu saudável está absolutamente arrasado, sem resto de bom senso ou sanidade, pronto a engolir as mais torpes idiotias sobre os mais prosaicos assuntos. A cabeça deixa de funcionar ou começa a funcionar como lhe ma
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                                                                                                                                  O Tempo Invertido Ligo a TV e vejo uma socióloga, Maria Lúcia de Oliveira, ensinando a um grupo de atentas universitárias, sob o patrocínio do governo, que a associação do masculino com o activo e do feminino com o passivo foi um ardil machista concebido por um poder político para impor a sujeição às pobres mulheres. Essas associações simbólicas, diz ela, disseminam-se pela repetição geral até se tornarem forças sociais inconscientes. Impregnadas no vocabulário, modelam e dirigem a vida psíquica das multidões, como botões de comando invisíveis, internalizados pela astúcia do poder. Ela afirma-o como se fosse a verdade científica mais certa e provada, e as alunas recebem a mensagem como se fosse a luz da razão que vem libertá-las, enfim, das trevas antigas do preconceito e da ignorância. O esquema repete-se, diariamente, numa infinidade de salas de
 Despreocupados, audaciosos, violentos, assim nos quer a Sabedoria; é mulher que não gosta senão de guerreiros. Nietzsche,  Assim Falava Zaratrusta                      O PODER DE CONHECER   “Experimentai de tudo, e ficai com o que é bom”, aconselha o apóstolo. Experiência, tentativa e erro, constante reflexão e revisão do itinerário — tais são os únicos meios pelos quais um homem pode, com a graça de Deus, adquirir conhecimento. Isso não se faz do dia para a noite. “Veritas filia temporis”, dizia São Tomás de Aquino: a verdade é filha do tempo. Não me venham com fulgurações místicas e intuições súbitas. Que las hay, las hay, mas mesmo elas requerem preparação, esforço, humildade, tempo. Até Cristo, no cume da agonia, lançou ao ar uma pergunta sem resposta. Por que é que nós, que só somos filhos de Deus por delegação, teríamos o direito congénito a respostas imediatas? A aprendizagem é impossível sem o direito de errar e sem uma longa tolerância para com o estado de dúvida. Mais ain
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                                       A origem das opiniões dominantes O idiota presunçoso é, hoje em dia, o tipo mais representativo de qualquer profissão, incluindo a das letras, do ensino e do jornalismo. Ele forma a sua opinião de maneira imediata e espontânea, com base numa quantidade ínfima ou nula de conhecimentos, e agarra-se a ela com a tenacidade de quem defende um tesouro maior que a vida.   Na verdade, não se tratam propriamente opiniões, mas apenas de impressões difusas que não podendo encontrar expressão adequada, se acomodam mecanicamente a qualquer fórmula de sentido análogo, que o sujeito colheu no ambiente que o rodeia e que, daí em diante, vai julgar serem as suas opiniões pessoais - como se a conquista de uma autêntica opinião pessoal pudesse prescindir do esforço. O trajecto mental que o levou a essas opiniões inabaláveis escapa-lhe completamente, por ter sido percorrido à margem da sua atenção consciente. Literalmente, ele não tem a mínima ideia de como e p
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  A Guilda foi o mais importante feito do sistema económico criado pelo Império Germano Cristão. Eram associações profissionais autónomas que se controlavam a si próprias no que aos assuntos internos dizia respeito assegurando a colaboração e a solidariedade entre os seus membros em vez de instrumentalizarem as suas eventuais dissensões, como é característico do anglo-capitalismo . Os membros das Guildas tinham de ser filhos legítimos porque a santidade do casamento era considerado o pilar mais importante da estrutura social.   As guildas também funcionavam como associações de crédito e financiamento, porque toda a sua riqueza imobiliária e mobiliária, era pertença de toda a corporação e para uso de todos os seus membros. Regulavam a competição,  os termos económicos dos contractos e  asseguravam o controlo de qualidade e  .  A concorrência , no ruinoso sentido moderno, era proibida sendo  regulados por elas. Isto não significava a imposição duma igualdade socialista mas precludi
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                                                                                                                                                                                                                                     Realidade versus modelos matemáticos                                                                                               (ou, realidade versus “verdade” científica )   Na biografia de Ray Monk de Ludwig Wittgenstein, há um relato impressionante das discussões semanais entre Wittgenstein e Alan Turing sobre os fundamentos da matemática. Dei comigo a concordar com Wittgenstein e pareceu-me que Turing tinha sido incapaz de compreender o seu próprio erro, porque não conseguia entender os fundamentos do pensamento matemático e os seus pressupostos. Turing não conseguia ver, ou mesmo reconhecer, a existência duma realidade mais ampla  que precedia e que servia de base  à matemática.   Wittgenstein afirmava que a compreensão era uma simples compree
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                                                                                                                                                                             QUICUMQUE Ário propôs uma versão do cristianismo que se orientava, de forma mais ou menos vaga, no sentido daquilo a que hoje chamamos unitarismo (Deus uno, mas não trino), embora não fosse a mesma coisa, porque conferia a Cristo uma posição curiosamente intermédia entre o divino e o humano.  A questão é que muitos consideravam tratar-se de uma versão mais razoável e menos fanática do cristianismo; entre estes contavam-se muitos membros da classe culta, que foram protagonistas duma espécie de reacção contra a primeira aventura da conversão cristã.  Os arianos eram uma espécie de moderados e uma espécie de modernistas. Tinha-se chegado à conclusão de que, após as primeiras questiúnculas, esta era a forma definitiva de religião racionalizada em que a civilização acabaria por assentar. Tratava-se duma forma religiosa