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Mostrando postagens de maio, 2022
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  «É, hoje, um lugar-comum obrigatório associar a criminalidade às más condições de vida - isto é, à pobreza. Para a mentalidade bem pensante moderna pertencer a uma “classe social” mais desfavorecida implica, ou pelo menos justifica, em termos estatísticos, um rebaixamento moral que conduz, quase que inevitavelmente, a uma vida de violência, crime e corrupção.   Para diminuir a criminalidade seria pois imperativo melhorar as condições de vida dos mais pobres. Ora, isto, em português claro, significa dizer que os pobres não são de confiança; e, também, que só se tornarão de confiança quando enriquecerem. Partindo desta tese, facilmente se poderá chegar - como as “elites” modernas chegaram - a uma conclusão, no mínimo estranha: se o facto de ficarem mais ricos faz dos pobres seres mais confiáveis, porque não confiar, desde já, nos que, actualmente, já são mais ricos? Nestes termos, não há pois como fugir à conclusão de que as elites são os nossos melhores guias - e de que o “pop
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                                                  O BELO SEGUNDO S. TOMÁS DE AQUINO       Aristóteles e, depois dele, S. Tomás defenderam não ser o Belo, nem inteiramente objectivo, nem inteiramente subjectivo mas sim simultaneamente objectivo e subjectivo. S. Tomás afirma-o quando define o Belo como sendo “aquilo que, ao ser comtemplado, causa prazer” (quod visum placet ). Por outras palavras, o Belo resulta da relação entre a realidade e um sujeito capaz de a apreender.   No fundo, a realidade - vista como aquilo que é apreendido pelo intelecto - consiste na verdade ; a realidade - vista como aquilo que é desejável e susceptível de ser possuído - consiste no bem ; e, a realidade - vista como aquilo que é apreendido como desejável e aprazível– consiste no belo .   Como tal, o belo afecta tanto o intelecto humano como o seu apetite ; mas, o apetite, deve ser afectado de tal forma que precluda o desejo de posse a ele associado,   limitando-se, a apreensão do belo, à calma sereni
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                                                                                             A PROSTITUTA DA DGS   Quando se é um Médico pela Verdade , tem de se aprender a seguir os nossos próprios instintos. É por isso que, quando me entrou pelo consultório adentro aquele monte de músculos que dava pelo nome de Cajó e me expôs o seu caso, eu devia ter dado atenção ao calafrio que me percorreu a espinha. – João? – perguntou ele – João Morais? – É o que diz a minha carteira profissional – admiti. – Tem de me ajudar. Sou vítima de chantagem sanitária . Por favor! Tremia como se estivesse a ter uma reacção adversa à vacina covid.  Empurrei um copo pelo tampo da secretária, mais a garrafa de Macieira que tenho sempre à mão, para fins não medicinais. – E, se te acalmasses e me contasses tudo? – Você… você não vai contar nada à minha mulher, pois não? – Falemos claro, Cajó; não prometo nada… Tentou servir-se, mas ouvia-se o tilintar do vidro no outro lado da rua, e a mai
  Como será ser-se um esquerdista?   Em 1974, o filósofo Thomas Nagel perguntou "Como será ser-se um morcego?"; e fê-lo porque rejeitava o reducionismo, segundo o qual toda consciência pode ser decomposta em componentes cada vez mais elementares, idênticos para todos os seres sencientes. Pelo contrário, Nagel considerou que para cada tipo de ser consciente, existe uma mentalidade própria, única inerente ao facto de se ser esse tipo de ser. Essas experiências subjectivas são os chamados "qualia" da consciência, os pontos de vista internos inerentes a uma criatura consciente. Ninguém pode dizer quais são os qualia de um morcego, mas vou tentar analisar uma questão paralela: quais serão os qualia de um esquerdista?   Quando emprego o termo “esquerdista”, refiro-me aos adeptos do marxismo cultural, da Escola de Frankfurt e do socialismo fabiano, hoje dominante no mundo académico, nos media na indústria de entretenimento, e em praticamente todas as estruturas de
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                                            Inteligência e Verdade                                                                    Olavo de Carvalho   1.      Definição   Inteligência, no sentido em que aqui emprego a palavra, no sentido que tem etimologicamente e no sentido em que se usava no tempo em que as palavras tinham sentido, não quer dizer a habilidade de resolver problemas, a habilidade matemática, a imaginação visual, a aptidão musical ou qualquer outro tipo de habilidade em especial. Quer dizer, da maneira mais geral e abrangente, a capacidade de apreender a verdade. A inteligência não consiste sequer em pensar. Quando pensamos, mas o nosso pensamento não capta propriamente o que é verdade naquilo que pensa, então o que está em acção nesse pensar não é propriamente a inteligência, no rigor do termo, mas apenas o desejo frustrado de inteligir ou mesmo o puro automatismo de um pensar ininteligente.   O pensar e o inteligir são actividades completamente dist