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Mostrando postagens de março, 2024
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                                                   Materialismo e Transubstanciação   Um dos leitmotiv , da revolta dos primeiros filósofos modernos contra a filosofia escolástica [1] , consubstanciou-se na substituição da concepção aristotélica hilemorfista [2] da natureza das substancias físicas, por uma das várias concepções defendidas pelo mecanicismo [3] Acontece que, quando bem estudada, esta mundivisão mecanicista defendida por Galileu, Descartes e Newton, veio a revelar-se necessariamente incompatível com a Doutrina Cristã , sob diversos aspectos. Tomemos o   exemplo da doutrina cristã da Transubstanciação [4] ; enquanto, esta, à luz do hilemorfismo, é perfeitamente aceitável fazendo todo o sentido, se olhada pelo prisma da filosofia mecanicista transforma-se   em pura irracionalidade. Vejamos porquê: Se bem atentarmos, o hilemorfismo está inteiramente de acordo com o senso comum quanto ao modo de distinguirmos, entre as coisas da nossa experiencia diária, quais c
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                                                                                                        nº 5 da série aborto                                                  De volta à caverna de Platão                  A narrativa padrão sobre o Iluminismo é a seguinte: como a religião se baseia numa fé cega, os fundadores do pensamento ocidental moderno procuraram libertar a ciência e a filosofia do seu abraço irracional, reduzir ou eliminar a sua influência na vida pública e reorientar, até a vida privada dos cidadãos, para a luta por um mundo melhor, em vez de gastarem tempo a prepararem-se para uma ilusória vida depois da morte.  Ora, isto é exactamente o contrário do que realmente aconteceu. De facto, os modernos não rejeitaram a religião por se basear numa fé cega; seria mais correcto dizer que acusaram falsamente a religião de se basear numa fé cega para poderem justificar a sua rejeição e elaboraram uma nova concepção do que deveria ser considerado "racional" na es
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                                                                                              Tumultos em França "Os seres humanos relacionam-se naturalmente uns com os outros de uma forma que pode ser ilustrada por meio de círculos concêntricos.   As nossas lealdades e responsabilidades imediatas dizem respeito aos membros das nossas próprias famílias nucleares e amigos.   No círculo concêntrico seguinte estariam os membros das nossas famílias alargadas, em relação aos quais também devemos um certo grau de lealdade e responsabilidade, mas em que a dívida não é tão grande como a que temos para com a nossa família direta.   No círculo seguinte, para além deste, estão os nossos compatriotas, a quem devemos lealdade e em relação aos quais temos alguma responsabilidade, mas que não são tão grandes como a lealdade e a responsabilidade que temos para com as nossas famílias alargadas, já para não falar das nossas famílias mais próximas.   No círculo mais exterior estão as outras nações e
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Segundo Maris, a força motriz do capitalismo é a pulsão da morte, colocada ao serviço do crescimento económico. Mas, o que produzirá esse ímpeto de crescimento irracional que torna o capitalismo tão destrutivo. O que impulsiona o capitalismo para a acumulação cega? É aqui que surge a questão da morte. O capitalismo assenta na negação da morte. Acumula-se capital face à morte encarada como a perda absoluta (extinção absoluta). A acumulação de capital equivale a um aumento de poder. Mais capital significa menos sofrimento e menos morte. Acumula-se capital para escapar à morte. O capital também pode ser interpretado como tempo coagulado. O capital infinito cria a ilusão do tempo infinito. Tempo é dinheiro. Tendo em vista o tempo de vida limitado, acumula-se o tempo do capital. A actual sociedade competitiva faz o tempo refém. Acorrenta-o ao trabalho. A pressão no sentido do desempenho  cria uma pressão de aceleração.  Mas, o trabalho enquanto tal não é necessariamente destrutivo. Pode, co