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Mostrando postagens de dezembro, 2022
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                                                               ECONOMIA VIRTUOSA Juan Manuel de Prada – 21/10/2019     Que, a nossa, é uma época de decadência profunda é uma evidência que não sofre contestação. Basta atentar no desprezo ostensivo com que é encarado qualquer tipo de sabedoria, conhecimento ou virtude e na maneira como se tenta substituí-los por sucedâneos risíveis, para se ter uma ideia do grau de retrocesso civilizacional a que chegámos.  Veja-se, por exemplo, o afã com que se promove hoje um medo histérico das supostas “alterações climáticas”, propondo-se combatê-las com soluções científicas e sociais manifestamente estéreis e contraproducentes e esquecendo que só uma regeneração moral e espiritual dos povos poderia suster essas alterações Na verdade, é pura ilusão esperar que uma economia, baseada no fomento e expansão contínua do consumo, se disponha, algum dia, a combater as causas da degradação do ambiente. Deste tipo de economia, o máximo que se poderá es
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  "O Ocidente é o reino da mentira" Vladimir Putin A Guerra na Ucrânia não é apenas um conflito entre a Rússia e o Ocidente.     Nem é, tampouco, um conflito entre duas filosofias ou visões diferentes do mundo; é, bem mais do que isso; é, um conflito a montante das concepções filosóficas - um conflito ao nível da relação do homem com aquilo que o faz ser homem: a linguagem. O que está, nela, em causa é a relação do homem com a Palavra; essa mesma relação que tem vindo a ser modificada e desconstruída, no Ocidente. Na sociedade ocidental o homem passou a ser um deus que tem o poder até, se quiser, de recriar o Homem e a Mulher  - ou melhor, de anulá-los - e  já nada tem que respeitar, nem  nada lhe é ditado. Estamos perante um conflito entre, por um lado, uma sociedade que se tornou incapaz de pensar a realidade a não ser ideologicamente, e, por outro, uma sociedade impregnada das antigas formas de representação - formas, essas, produzidas pela realidade, articuladas
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                                                                               DA RESSURREIÇÃO   O maior ensinamento que a Ressurreição de Cristo nos pode dar é o de que não devemos dar demasiada importância à nossa vida corpórea, com todo o seu cortejo de misérias, sofrimentos e decepções; mas também não a devemos negligenciar.   É compreensível, que numa época secularista e (como tal) decadente como a nossa, os cristãos tendam a focar-se mais nos aspectos anti materialistas da Doutrina Cristã por serem aqueles mais opostos ao espírito moderno. Efectivamente, do ponto de vista secularista dominante, não existe pior destino na vida do que ver frustradas as ambições terrenas: ser-se saudável e rico, ter a possibilidade usufruir de inúmeras “experiências” e “relações”, alcançar-se uma vida prazerosa e longa; e, na mesma perspectiva, não é concebível maior tragédia do que não conseguir obter todas essas coisas, uma vez que no fim do caminho nos espera, apenas, a extinção total e ete
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                                                            A VERDADE E O NOME DE DEUS Giorgio Agamben Há mais de um século, que os filósofos falam da morte de Deus e, como frequentemente acontece, esta verdade parece agora   ser,  tácita e quase inconscientemente, aceite pela generalidade dos mortais, sem que contudo as suas consequências sejam medidas e compreendidas.   Uma delas – e certamente não a menos importante – é que Deus – ou melhor, o Seu nome – é a primeira e última garantia do vínculo que existe entre a linguagem e o mundo, entre as palavras e as coisas.  Daí a importância decisiva na nossa cultura do argumento ontológico que ligava indissoluvelmente Deus à linguagem; e a importância do juramento pronunciado em nome de Deus, que nos obrigava a ter de responder pela transgressão do vínculo existente entre as nossas palavras e as coisas. A “morte de Deus” não pode senão significar a quebra desse vínculo; e, isso significa também que a linguagem na nossa sociedade
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  "Quando deixamos de estar sujeitos aos Dez Mandamentos, ficamos logo sujeitos a milhões de mandamentos" G.K. Chesterton                                              O Lícito, o Obrigatório e o Interdito Giorgio Agamben  (filósofo)   Segundo os juristas árabes, as acções humanas dividem-se em cinco categorias, que eles enumeram da seguinte forma: obrigatórias, louváveis, lícitas, repreensíveis e proibidas. Ao obrigatório opõe-se o proibido, ao louvável o condenável. Mas a categoria mais importante é aquela que está no meio e constitui, de certa forma, o eixo da balança que pesa as acções humanas e mede a sua responsabilidade (responsabilidade que,  na linguagem jurídica árabe, se chama “peso”).  Se o louvável é aquilo cuja execução é recompensada e cuja omissão não é proibida, e o condenável é aquilo cuja omissão é recompensada e cuja execução não é proibida, lícito é aquilo sobre o que a lei tem de ficar silenciosa e que, portanto, nem é obrigatório nem é proibido, nem
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                                                                          DO MATRIMÓNIO   É frequente livres-pensadores afirmarem que Jesus de Nazaré era um homem do seu tempo, muito embora – concedam, eles, magnânimos - estivesse à frente do seu tempo; e que, por tal motivo, não seria possível aceitar a ética que Ele propôs como uma ética definitiva. Passam de seguida a criticar essa ética afirmando, com razoável plausibilidade, que uma pessoa não pode dar sempre a outra face, ou que não deve deixar de pensar no dia de amanhã, ou ainda que a auto-negação é excessivamente ascética e a monogamia excessivamente rígida.   Acontece, porém que,   naquele tempo, os zelotas e os legionários também não davam a outra face, - ou, ainda davam menos do que nós; e, os mercadores judeus e os cobradores de impostos romanos também pensavam no dia de amanhã - ou, ainda pensavam mais do que nós. Não podemos, pois, fingir que se trata de trocar uma moralidade do passado por uma moralidade mais
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                                                                                                                           A AVENTURA DA TRADIÇÃO   CRISTÃ   E, quanto mais eu reflectia no Cristianismo, mais me apercebia que   as regras e a ordem que estabeleceu se destinavam a permitir qua as coisas boas pudessem prosperar à vontade; era necessário definir as doutrinas de forma muito rigorosa, para que as pessoas pudessem ser livres; a Igreja tinha de ser cuidadosa, quanto mais não fosse para que o mundo pudesse ser descuidado.  É este o emocionante romance da tradição cristã. As pessoas adquiriram a tola convicção de que a tradição é uma coisa pesada, enfadonha e segura; a verdade é que nunca houve coisa mais perigosa, nem mais animada.  Ser tradicional é ter sanidade mental; e, ter sanidade mental, é muito mais interessante do que ser louco.  A Igreja Tradicional nunca se deixou domesticar; nunca aceitou as convenções; nunca se deixou levar pelo “espírito do tempo”.   Teria sid
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  LIBERDADE/ESCRAVIDÃO «Nas coisas espirituais existem dois tipos de escravidão e dois tipos de liberdade.   Podemos ser escravos do pecado - que é o estado habitual do pecador; ou, podemos ser escravos da justiça - que é o estado habitual do homem justo. E, podemos ser livres do pecado - que é ao estado habitual do homem que não se deixa vencer pela sua inclinação para pecar; ou, podemos ser livres da justiça - que é ao estado habitual do homem que peca independentemente de sua inclinação para a justiça. Obviamente, o ser-se escravo do pecado e o ser-se livre da justiça, andam de mãos dadas e constituem um verdadeiro estado de escravidão espiritual .   Enquanto, o ser-se livre do pecado e o ser-se escravo da justiça, andam juntos e constituem um estado de verdadeira liberdade espiritual . Não é preciso ser-se muito perspicaz para perceber a semelhança deprimente que existe entre a “liberdade moderna” e um destes estados. »   Walter Farrel, A Companionto the Summa, v
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                                                                                                                         The only way out É verdadeiramente admirável como tantas pessoas se agarraram a uma visão do mundo que não tem nada para lhes oferecer. Uma mundivisão que descreve o universo como não tendo qualquer sentido ou significado – onde tudo acontece por uma paradoxal mistura entre um determinismo rígido (a evolução o progresso ) e o mais aleatório acaso; que afirma vir a  vida humana do nada e acabar, com a morte, na extinção  total ; e cuja moralidade (estranhamente),  é   simultaneamente algo sem qualquer base objectiva  - algo que pode ser construído e alterado “à vontade” – e, no entanto, é de uma importância extrema de tal modo que, quem se atrever a violar o tabu do dia, merece ver a vida destruída. É evidente, que ninguém, no seu perfeito juízo, gostaria que este absurdo correspondesse à realidade; no entanto, biliões de pessoas (independentemente da religião q
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                                                                                 SALAZAR                                                                           Um Depoimento                                                                 Marcos Pinho Escobar                                                           Trinta anos volvidos sobre o afastamento de Oliveira Salazar da chefia do governo, cumpre homenagear aquele que foi uma das maiores inteligências e mais fortes personalidades da história; o homem de génio que salvou Portugal da decadência e da indigência, restaurou-lhe o prestígio e recolocou-o nos trilhos da sua missão histórica; o estadista de craveira excepcional para quem os interesses e direitos de Portugal estiveram sempre acima de tudo; o portugês de lei, o exemplo de integridade e dedicação, o homem de pensamento e acção, o doutrinador, o derradeiro cruzado e profeta do ocidente.      O Portugal de Salazar foi uma Nação grande, repartida por quatro continentes, co
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                                                                                                                        Abstinência                                                                                 A  sua natureza   Se abster-se apenas de comida, fosse uma virtude então, a ingestão de comida seria pecaminosa. No entanto é  exactamente este tipo de absurdo que está implícito no ataque dos modernistas - grandes “protectores” da liberdade – ao jejum e à abstinência. Um homem é livre de se recusar a comer; ou porque não tenha apetite ou porque esteja a fazer greve de fome. Mas, em nenhum destes casos, se trata duma questão de abstinência. O objectivo desta virtude é dar uma nota de razoabilidade ao acto de comer. O homem que deixa de tomar café como penitência, mas que inferniza a vida à sua família, não é um homem abstinente; nem, tão pouco, o estudante ascético que fica acordado, noite após noite, rezando, apenas para depois adormecer nas aulas durante o dia.  Essas