Logos Rising

 

De facto, aquilo que nos diferencia, a nós, humanos, do mundo animal, não é algo de natureza biológica, mas, sim, as nossas faculdades, racionais, morais, de linguagem, autoexpressão e religião. Em conjunto, estas faculdades, constituem aquilo a que os gregos chamavam Logos. Os escolásticos referiam-se ao homem como o animal racional precisamente por reconhecerem o facto de ser ele  o único que possuí essas qualidades.

Na época da assim chamada, revolução científica, a ordem social clássica que se baseava no Logos, na natureza das coisas, na natureza humana e que era articulada pela tradição do direito natural clássico (Natural Law), foi abandonada. O Logos foi substituído pela tecnologia.

Segundo a mundivisão clássica, as leis morais baseiam-se na natureza humana, de tal modo que a razão pode descobrir princípios morais válidos olhando simplesmente para a natureza humana e para a respectiva estrutura social, em qualquer tempo ou lugar da Terra.

Isso significa que o que devemos fazer está relacionado com aquilo que somos. 

“Não matarás”, por exemplo, baseia-se no real valor da vida humana e na necessidade de a preservar. 

“Não cometerás adultério” baseia-se no valor real do casamento.

 Por outras palavras, não existe uma dicotomia radical entre a nossa mente e o universo que nos rodeia. O Logos é comum a ambos, ou como diria S. Tomás de Aquino, “a luz da razão é colocada pela natureza em cada homem para o guiar nos seus actos”.

Isso significa que as leis da moral não são regras que inventamos, mas princípios que descobrimos, semelhantes, de certa forma, às leis da ciência. 

Assim como, a nossa natureza fisiológica, torna necessário ingerirmos certos alimentos e respirar oxigénio para que o nosso corpo seja saudável, a nossa natureza moral torna certas regras e leis morais necessárias para que a nossa alma seja saudável. 

Ou seja, não existe apenas uma ordem física na natureza, mas também uma ordem moral.

A ordem da criação é, pois, eminentemente racional. A verdadeira ciência não poderia existir se assim não fosse. A ciência e a matemática não seriam possíveis num universo materialista pois elas só são possíveis se aceitarmos que o pressuposto fundamental da nossa mente racional é o de  que, o mundo tal como é apercebido pela nossa razão é verdadeiro, ou seja, que o mundo é “racional”. 

Isso pressupõe que a mente que interpreta o mundo por meio da razão esteja de alguma forma apreendendo o mundo como ele  realmente é.

A misteriosa conformidade entre a racionalidade das nossas mentes e a “racionalidade” encontrada no mundo em nosso redor tem uma explicação muito simples: ambas foram criadas por um Deus Criador inteligente, racional, ordenador e legislador que fez o Universo tal como ele é.

A criação não poderia existir sem um Criador. 

A criação é racional porque o seu Criador é a epítome de toda racionalidade. 

Deus é Logos e Logos é Deus. 

E, a mente do homem encaixa-se nessa ordem como a chave na fechadura.

Só a existência de Deus pode explicar a existência de um universo, a existência duma ordem nesse universo, que ele seja inteligível, que existam leis universais na natureza e que existam leis morais universais. Só assim podemos ver o mundo como algo criado de acordo com um plano inteligível, acessível ao intelecto humano através da luz natural da razão. É, esta, a única maneira de podermos compreender a ordem natural e a ordem moral do universo.

Mas, pelo facto de existir um Criador, não temos apenas um Legislador racional - que garante a ordem, a inteligibilidade e  a previsibilidade - mas também um Legislador moral - que garante a decência, a integridade, a consciência, a responsabilidade, a justiça e a dignidade humana, de onde derivam os direitos humanos.

Consequentemente, a moral é uma das manifestações mais significativas do Logos na vida humana. Se o Homo sapiens faz parte da natureza, a moral faz parte da natureza; porque a moral é uma manifestação do Logos. 

A razão pura permite que a mente apreenda o que é verdadeiro; a razão prática permite ao homem alcançar o bem. O homem que alcança o bem é feliz. Portanto, a moral é essencial para a felicidade humana.

Ora , o materialismo, nega o Logos porque adora a sua própria "deusa"- que dá pelo nome de, "acaso e necessidade" ou “selecção natural” - uma "deusa", de facto, tão, tão poderosa, que  tem o poder eminentemente mágico de criar seres ex nihilo, através  do movimento do não-ser ao ser, sem  necessidade de um Criador. O universo do materialismo criou-se a si próprio antes de ter começado a existir.

Para justificar o facto da respectiva "deusa" conseguir fazer aquilo que é logicamente impossível, lembraram-se de “dividir o problema dessa tremenda improbabilidade, em pequenos passos” de modo que “cada um deles seja ligeiramente improvável, mas não proibitivamente improvável”.

Para melhor entendermos esta proposta esqueçamos por um momento toda a complexidade e design envolvidos e atentemos na coisa mais simples que existe, ou seja, o ser - ou, um ser. 

Aquilo que é, existe.  Mas, ao contrário do que acontece no mágico universo autocriado do materialismo, esse ser não se pode ter criado a si próprio, nem mesmo por meio de etapas graduais porque, para o fazer, teria de existir antes de ter começado a existir, o que é necessariamente  impossível. 

Isto é verdade para qualquer ser, não importa quão simples ou complexo: não se pode existir antes de se existir.

Vamos agora, ad argumentandum chamar a esse ser, uma asa; uma asa é algo que existe para permitir voar. Os darwinistas usam o truque das “etapas graduais” para escamotear o facto de que, o órgão em questão, das duas uma, ou permite o voo e é uma asa, ou não permite e não é uma asa. No minuto em que passar a permitir o voo, passa a ser uma asa.

 A teoria da evolução envolve invariavelmente esta mesma tautologia - a asa evoluiu a partir de uma asa - disfarçada pelo tal truque que invoca inúmeros “passos intermediários”. 

Mas, ou a asa voa, ou não voa. Por outras palavras, não existem passos intermédios entre o voar e o não voar - ou seja, entre o ser e o não ser. Não se pode obter uma asa por meio de selecção natural porque, a inicial não existência da asa, não permite à selecção natural seleccionar... algo que ainda não existe.

As tais estruturas intermediárias, entre a não-asa e a asa, são impossíveis porque, sejam elas quais forem, ou voam ou não voam. Se  não voam, a selecção natural não pode exercer sobre elas a sua magia , seleccionando o que não existe. Se não voam para quê seleccionar algo que não tem qualquer função? E, se voam,  já existindo a asa, não precisamos da selecção natural para explicar sua existência. 

Todos estes truques de prestigiação, não são ciência, mas um mero jogo, que visa negar a necessidade de um Criador para explicar a criação.

 

A ciência moderna precisa, pois, do Logos da metafísica clássica para evitar o solipsismo e cepticismo totais que fluem naturalmente do materialismo que lhe subjaz. 

 A alternativa é o universo absurdo dos materialistas que existiu antes de existir para se autocriar ex nihilo e de seguida seleccionar certas estruturas intermediárias que embora não tendo qualquer valor evolutivo vão provar que… um olho evoluiu de um olho.

O darwinismo, desde o início, nunca foi mais que uma mera ideologia anti teísta e anti Logos. As suas raízes não se encontram na ciência, mas na vontade. É, não só um ataque à existência de Deus, ao seu papel como Criador e à causalidade existente no mundo,  mas também um ataque ao Direito Natural Clássico (Natural Law), à natureza das coisas, à natureza humana e à própria estrutura da realidade. 

Quando os evolucionistas afirmam que “o homem é fruto do acaso,  por um processo exclusivamente material que não o tinha por objectivo”, estão na realidade a querer afirmar:

 “nós rejeitamos a verdade porque preferimos a mentira às restrições (ao nosso comportamento) que adviriam da aceitação verdade".

Porque, ao eliminar o Criador do universo que Ele criou, Darwin criou um “vácuo sem sentido” que logo foi aproveitado como “instrumento de libertação” do Logos.

Por isso, Aldous Huxley, dizia que:

“A libertação que desejávamos era a libertação de um certo sistema político e económico mas, sobretudo, a libertação de um certo sistema moral. Opusemo-nos ao sistema moral clássico porque interferia com a nossa liberdade sexual. Os defensores desse sistema afirmavam que, de alguma forma, ele personificava o significado (um significado cristão, diziam eles) do mundo. Mas, nós descobrimos um método admiravelmente simples de confundir essas pessoas e ao mesmo tempo justificarmos a nossa revolta política e erótica: invocando a ciência, negámos ao mundo qualquer significado ”.

Por outras palavras, o ateísmo é uma crença profundamente irracional. Existe não porque seja verdade, mas porque a vontade humana quer ter a “liberdade” de poder ser irracional e imoral.

 Uma vez reconhecida a natureza profundamente irracional do ateísmo e, por extensão, da teoria da “evolução”, devemos, então, procurar a sua origem não na ontologia, mas na psicologia dos seus adeptos. 

A questão última que está aqui em jogo, todos os revolucionários o confessam desde Sade, é o sexo. Eles decidiram rebelar-se contra o Logos, para obterem a sua tão almejada libertação sexual, mesmo que para a alcançarem tivessem de se juntar à tribo daqueles que, há 2000 anos mataram o Logos Encarnado (Cristo) travando, desde então, uma guerra sem quartel contra o Logos na ordem social.

Não por caso, o conhecido ateu, Richard Dawkins, julgando-se certamente um novo Moisés, propôs substituir os Dez Mandamentos por um novo decálogo que incluí o preceito: “aproveite o mais possível a sua vida sexual (contando que não prejudique ninguém)”. 

Ou seja, sexo livre de qualquer peia moral é, no fundo, a causa últimas do seu ateísmo.

Acontece, no entanto, que sendo a moral o garante da racionalidade das acções humanas, é também aquilo que determina se os actos humanos são livres, ou não.

 Esta é outra razão porque os poderosos deste mundo estão tão determinados em destruir a moral natural, alegando que tem uma origem não humana, no mundo animal.

 Contestam a racionalidade do homem porque querem minar a sua liberdade; liberdade que só existe quando o homem age em conformidade com a razão.

A moral é a única protecção que o homem tem contra a regra da Libido Dominandi (“desejo de dominação”) que, segundo Santo Agostinho, é o impulso condutor do homem caído e da respectiva sociedade - a Cidade do Homem - e o sistema operativo de todos os impérios mundiais.

Quando nada é  objectivamente certo ou errado, acaba sempre por ser o mais forte a decidir o que é certo e errado, a determinar o que é o bem e o mal.

Os impérios modernos diferem de seus predecessores apenas na sofisticação da sua forma de controlo: 

em vez de usarem a coerção, funcionam através duma suposta “libertação”;  "libertação" que significa invariavelmente libertação da lei moral natural; "libertação da lei moral natural" que significa invariavelmente escravidão para todas as criaturas racionais.

A revolução sexual dos anos 60 não foi mais que uma batalha entre o Iluminismo - tal como foi adoptado por protestantes e judeus, os novos senhores do mundo ocidental - e a Igreja Católica, única força que, até há pouco, se lhes opunha. O sexo foi, apenas, a arma mais eficaz usada pelo iluminismo nessa batalha.  Wilhelm Reich na sua magnum opus sobre sexo e política,  The Mass Psychology of  Fascism, explicou, ao pormenor, como o sexo podia ser utilizado para destruir a fé religiosa, sobretudo entre sacerdotes e freiras, e  dominar as massas.

Assim, quando biólogos como Richard Dawkins invocam a selecção natural, como se tratasse da realidade última " que explica (leia-se, que mina) o comportamento moral", eles estão, no fundo, a colaborar com o sistema de controlo político do Império privando o homem de qualquer fundamento no Logos para poder contestar a vontade de César.

Quando o certo e o errado se resumem à opinião dos poderosos, aqueles que não têm poder político não têm como formular as suas objecções, muito menos como as implementar.

E há ainda um outro aspecto da questão: quando Dawkins et caterva fazem do comportamento humano uma mera função de “genes egoístas” resultantes da evolução, estão, no fundo a bajular a consciência culpada daqueles que estando oprimidos pelas suas próprias transgressões morais, se julgam, assim,  absolvidos de toda a responsabilidade. 

Mas,quando lhes dão a sua "absolvição", estão a atraí-los para uma armadilha da qual não há retorno. 

Aqueles que abandonaram a lei moral para, justificar seus pecados, não podem repentinamente dar meia-volta e recorrer a essa mesma lei moral para protestar contra a subjugação económica e as injustiças de César;  já foram apanhados na armadilha do materialismo que o Império lhes montou. Nesse sistema "you can check in anytime you like but you can never leave".

Por outras palavras, a “ciência” é hoje usada, como arma de controlo ao tornar-se um substituto do Logos, da racionalidade e da lei moral.

Por que estarão todos os poderes do mundo tão interessados ​​em derrubar a moral natural e substituí-la pela moral invertida do politicamente correcto?

É muito simples:  porque querem controlo. 

O Império moderno baseia-se, assim, na “ciência” e no capitalismo; o darwinismo desempenha um papel crucial na administração desse império porque usa a “ciência” para descartar qualquer objecção moral à exploração económica que lhe é intrínseca.

Por isso, o professor Y. N. Harari, ateu e homossexual confesso - e ideólogo do FEM- se diz piamente convencido de que, duma combinação entre ciência e capitalismo, nascerá infalivelmente o paraíso na terra. 

Tudo o que precisamos, segundo ele, é ter “mais paciência” e "mais docilidade" pois “a nova ética promete o paraíso com a condição de que os ricos continuem gananciosos, e passem o tempo todo a ganhar mais dinheiro e as massas continuem a dar rédea solta aos seus apetites e paixões, e passem o tempo a consumir cada vez mais ” (Sapiens: Uma Breve História da Humanidade, pag. 349).

 À sombra desta ideologia,  o movimento gay, uma das decorrências da "revolução sexual", em conjunto com o grande  capital e os seus CEOs tomaram, há poucos anos, o poder no ocidente, com uma eficiência em tudo semelhante à conquista do poder perpetrada por um qualquer movimento comunista dos anos 20 do século passado. 

Dizer que estes dois acontecimentos não têm nada em comum, é uma ilusão. O comunismo e a "revolução sexual" são  movimentos políticos diferentes que, no entanto, representam o mesmo espirito revolucionário, em diferentes períodos da história.

 Mas, seria igualmente ilusório dizer que são totalmente iguais pois a nova esquerda, ao contrário da clássica, tem muito a dizer sobre sexo  e género, mas nada a dizer sobre economia.

Esta mudança de ênfase teve origem no pacto faustiano, entre a esquerda e o grande capital apátrida, proposto por Michel Foucault nos anos 70:

“dêem-nos liberdade sexual ilimitada, e deixaremos de questionar o vosso sistema económico”.

 Ou, como Klaus Wowereit, o primeiro presidente assumidamente gay da câmara de Berlin, proclamava:

“somos pobres, mas somos sexis”.

 O que significava, concretamente:

“não peçam aumentos; vão, antes, para as discotecas esquecer os vossos problemas e salários miseráveis -   salários que na geração anterior davam para um jovem de 20 anos constituir uma família numerosa – enquanto, escravizados nas empresas, vão alimentando o sonho de que um qualquer homossexual narcisista virá, um dia, a ser o próximo Steve Jobs".

Libertação da moral natural tradicional e, nomeadamente, libertação sexual, significa controlo; e, controlo significa, em primeira instância, desautorizar, primeiro, toda e qualquer forma de Logos, racionalidade ou moralidade que possam restringir o poder dos oligarcas.

Embora este conceito seja sempre envolvido numa linguagem “científica” e “progressista”, o seu significado é sempre o mesmo: para governar, o hegemon precisa ter a posse da realidade última, ser dono da verdade, ou, em termos teológicos, ter a chave do bem e do mal.

 E, isso significa combater sem tréguas o Logos, abandonar a razão e a ordem moral em troca de um determinismo biológico e social, e a consequente desautorização intelectual de todo e qualquer desafio à hegemonia dos oligarcas.

Como Santo Agostinho ensina, a História tem, efectivamente um lado certo e um lado errado, respectivamente, a Cidade de Deus que exalta Deus até à extinção do Eu, e a Cidade do Homem que exalta o Eu até a extinção de Deus. 

Em cada época o humanidade vê-se confrontada com a escolha entre o Logos e o anti-Logos em termos cada vez mais dramáticos. Na Idade Média a escolha foi entre o Tomismo e o Nominalismo, uma distinção tão subtil que a maioria das pessoas ainda hoje não consegue entender.

Tal não é o caso, nos nossos dias, em que a guarda avançada das forças anti-Logos é o Movimento homossexual - como no início do século 20 tinha sido o Movimento comunista. A sodomia é um pecado que clama pela vingança do Céu, mas é também um ataque à própria Natureza e , por isso, um ataque ao Ser. Este facto torna-se ainda mais evidente se olharmos para o Movimento transgénero, que começa agora a substituir o Movimento homossexual como guarda avançada do anti-Logos.

 Em vez de serem ensinados que o Homem tem uma natureza própria que foi criada por Deus, e que uma vida bem sucedida implica viver de acordo com o logos dessa natureza, os netos da geração que foi industriada na contracepção e aborto, está a gora a ser industriada para acreditar que auto mutilando-se consegue ter primazia sobre o Ser. 

O transgenderismo é uma forma extrema de libertação sexual como forma de controlo político, mas precisamente por causa desse extremismo provoca exactamente o contrário do que pretende:

O Logos está a ressurgir na geração mais sexualmente confusa da história da humanidade num exemplo do que Hegel chamava a "astúcia da razão", porque o caos cria sempre o Logos em criaturas cuja natureza racional não pode ser apagada por nenhuma forma de engenharia social por mais poderosa que seja.

 LOGOS RISINGE. Michael Jones


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