Como será ser-se um esquerdista?
Em 1974, o filósofo Thomas Nagel perguntou "Como será ser-se
um morcego?"; e fê-lo porque rejeitava o reducionismo, segundo o qual toda
consciência pode ser decomposta em componentes cada vez mais elementares,
idênticos para todos os seres sencientes. Pelo contrário, Nagel considerou que
para cada tipo de ser consciente, existe uma mentalidade própria, única inerente
ao facto de se ser esse tipo de ser. Essas experiências subjectivas são os chamados
"qualia" da consciência, os pontos de vista internos inerentes a uma
criatura consciente. Ninguém pode dizer quais são os qualia de um morcego, mas vou
tentar analisar uma questão paralela: quais serão os qualia de
um esquerdista?
Quando emprego o termo “esquerdista”, refiro-me aos adeptos
do marxismo cultural, da Escola de Frankfurt e do socialismo fabiano, hoje
dominante no mundo académico, nos media na indústria de entretenimento, e em
praticamente todas as estruturas de poder do ocidente democrático duma ponta à outra do espectro político.
O que se passa na cabeça dum esquerdista? Para um observador
neutro, aquilo que defendem e o seu comportamento é completamente irracional e incoerente. A explicação mais simples seria a de que são
geralmente pessoas de inteligência fraca, e mal formadas (independentemente dos
graus académicos que possam ter alcançado). Outra explicação simples é a de são
pessoas más que desejam o mal pelo mal e escondem-no atrás duma rectórica de
boas intenções. Mas, embora ambas as explicações não sejam de descartar
absolutamente, parece improvável que, mais tarde ou mais cedo, esses factos não
se tornassem evidentes, até, para os próprios. Sendo assim, permanece a questão
- quais serão os qualias de um esquerdista?
É bom que fique claro que as propostas políticas concretas
não são exemplos de qualia. Por exemplo, as crescentes exigências da esquerda,
de censura das opiniões contrárias não é um exemplo de qualia. Tratam-se apenas
de aparências externas de fenómenos internos — como no caso de um morcego que
ao girar no ar detecta, por eco-localização, um mosquito para o comer. A questão
que se põe é saber o que o morcego estará a pensar nesse momento? Ele está a
tentar alcançar algo objectivo; mas que estados mentais impulsionam o seu
esforço? É sobre este tipo de perguntas, mas aplicadas ao cérebro dos
esquerdistas que nos vamos debruçar, pois se os pudermos entender, mesmo que somente
um pouco, poderemos combater, mais efectivamente, o seu veneno.
Os esquerdistas têm
quatro qualias fundamentais que lhe são exclusivos, por comparação com os seres
humanos normais. Todos os seres humanos compartilham a maior parte dos seus
qualias. Não há razão para acreditar que os esquerdistas percebam, digamos, a
cor vermelha de forma diferente do resto da humanidade. Mas aqui estamos apenas
em busca dos seus qualia característicos que explicam a sua acção política.
O primeiro qualia consubstancia-se no facto dos esquerdistas
serem incapazes de apreender a realidade tal como ela é. O que os seus olhos vêm
nunca é a verdade, porque têm umas lentes ideológicas que filtram todos os
factos e argumentos que possam desmentir a veracidade da sua ideologia, antes
que eles cheguem a penetrar as suas mentes. A realidade, para eles, está
totalmente subordinada aos fins políticos que, por sua vez, derivam de puras
abstracções. Ao contrário da eco-localização dos morcegos, não se trata de uma
maneira diferente de ver o mundo mas duma uma maneira inferior, distorcida e castrada,
de ver o mundo. Se um morcego não pudesse ver o mundo com precisão, morreria de
fome. Os esquerdistas, porém, conseguem evitar as consequências das suas
distorções da realidade, porque vivem em bolhas, criadas por eles próprios, dentro
das quais todos acreditam nas mesmas coisas, sem nunca serem expostos às
consequências da realidade exterior; dentro dessas bolhas tudo funciona como se
a irrealidade fosse real. E como, hoje, controlam as alavancas do poder, podendo
recompensar os seguidistas e punir os “negacionistas” da sua “verdade”, nunca
chegam a passar necessidades, dentro dos ecossistemas murados em que vivem; porque
tudo o que necessitam pode ser roubado - através da máquina fiscal e a pretexto
da “justiça social” - daqueles que conseguem
produzir valor porque conseguem ver a realidade tal com ela é.
Os esquerdistas são, assim, como o velho bolchevique Rubashov que em AsTrevas ao Meio-Dia de Arthur Koestler, mesmo indo a caminho de
ser fuzilado por crimes que sabia serem totalmente imaginários, continuava a
acreditar piamente que sua execução era justa e correcta, pois o Partido está
sempre certo e os ventos da história ditavam ser a sua morte necessária ao
advento da Terra Prometida. Nem mesmo o buraco da bala no crânio, consegiu libertar Rubashov do Gulag mental que tinha criado.
Os esquerdistas são
exactamente assim – com a diferença de que não são eles, mas o resto da
humanidade, que sofre e morre por causa da sua visão distorcida da realidade.
O segundo qualia, é distinto, mas está relacionado com a
alergia esquerdista à realidade, e traduz-se no facto de os seus apaniguados se
expressarem quase exclusivamente por meio de “chavões”(palavras-chave) que,
depois de ecoarem nas suas cabeças, são verbalizados, mas não sem antes adquirirem
mentalmente novos significados destinados
a servir os seus objectivos políticos abstractos.
Por exemplo, quando
um esquerdista apelida de "corrupto" ou "ilegítimo”, algo que
não seja de esquerda, fá-lo porque, por um lado, está convencidos que tudo que contraria
a sua mundivisão é mau, e porque, por outro, as palavras "corrupto" e
"ilegítimo" designam efectivamente coisas más. Mas, esses termos têm
definições objectivas que, para a corrupção será, "conduta desonesta ou
fraudulenta dos detentores do poder, tipicamente envolvendo um suborno" e
para “ilegítimo” é "não autorizado pela lei; não de acordo com as normas
ou regras aceites." Geralmente, as acusações dos esquerdistas não coincidem
com significados reais; Em vez disso, as palavras foram, por eles, redefinidas
para significar, nebulosamente, "algo de tão mau, que nem me vou dar ao
trabalho de explicar porquê." Chamar a alguém, “negacionista” ou, mais
recentemente “putinista”, é, no fundo, um mero truque rectórico, a que Scott Adams
chamava "homicídio linguístico" que, uma vez aplicado, afasta
automaticamente a necessidade de qualquer argumentação. No entanto, os esquerdistas são
incapazes de reconhecer o assassinato lógico que ocorreu nas suas cabeças.
O terceiro qualia, também relacionado mas distinto dos
anteriores, refere-se à característica patognomónica de, neles, a emoção (phatos) se sobrepor sempre à racionalidade
(logos). Qualquer assunto que seja apercebido
por eles como susceptível de poder afectar a sua visão política do mundo, nunca
é por eles analisado objectivamente e as conclusões a que chegam nunca são
apoiadas num raciocínio lógico mas, antes, numa emoção desenfreada. Porquê?
Bem, por um lado, este comportamento isenta-os de terem de justificar e
explicar racionalmente a realidade alternativa a que aderiram; e, por outro,
serve para sinalizarem a sua filiação tribal aos comparsas e exibirem a sua “virtude”
ao resto do mundo. Esta propensão para a emotividade serve como auto-desculpa e
justificação para os ataques cada vez mais cruéis contra os que atrapalham a prossecução
dos seus objectivos políticos utópicos.
O quarto qualia manifesta-se na sua arrogância desmedida e na
nebulosa mas inabalável convicção da sua própria superioridade moral ou não estivessem
eles do lado dos ventos da história, do progresso e da modernidade. Esta
convicção não se baseia em nada de racional, nem em qualquer análise objectiva
do passado ou previsão sensata do futuro, mas apenas num desejo insaciável de se sentirem
num patamar superior ao do resto da humanidade.
Este “qualia”
torna-se mais evidente em discussões de certos assuntos políticos específicos,
como as “alterações climáticas, a
“pandemia de Covid19” ou a “guerra da Ucrânia; aí, os esquerdistas, apoiando-se
no monopólio do poder político que detêm e no domínio da comunicação social, conseguem
entrincheirar a sua anti-realidade, num ecossistema murado, dentro do qual
diariamente se tranquilizam, uns aos
outros, na certeza absoluta da sua
superioridade, que de tão óbvia, não carece demonstração.
Estes são os quatro principais “qualias” que geralmente
caracterizam a mente dos esquerdistas que hoje, dominam o ocidente inteiro duma ponta à
outra do espectro político com raríssimas excepções (em Portugal nenhuma). Mas,
diga-se em abono da verdade, nem todos padecem desta condição; alguns vêm o
mundo claramente, tal como ele é. Estes, são os maus os que perseguem
objectivos malignos, como Lenine, Mao ou Hitler.
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