Psico-analizando a Revolução Sexual
«Imaginemos uma realidade paralela onde algumas pessoas padecessem duma estranha deformação psicológica que as fizesse sentir um prazer intenso quando entretivessem o pensamento de que 2 + 2 = 5.
A repetida indulgência na satisfação do desejo de contemplar semelhante proposição tornaria essa contemplação viciante; e a própria ideia de que pudessem existir verdades aritméticas objectivas, como 2 + 2 = 4, deixaria de ser aceite por essas pessoas que a entenderiam como uma ameaça à livre persecução desse seu prazer, .
Por outras palavras, elas adquiririam uma espécie de cegueira intelectual.
Essas pessoas, teriam tendência, para hostilizar aqueles que, advertindo-as da sua ilusão, as tentassem convencer de que 2 + 2 = 4; poderiam, até, interpretar semelhante actitude como um ataque pessoal - um ataque aquilo que elas são, à sua identidade: “eu, não consigo deixar de acreditar que 2 + 2 = 5; foi assim que a natureza me fez; quem são vocês para me julgar? Porque é que a "vossa verdade" há-de mais válida que "a minha verdade"? Por que é que me odeiam?”
As restante pessoas, por uma questão de sentimentalismo e comodismo, poderiam vir a ter pena delas e a achar cruel que se continuasse a ensinar aritmética tal como sempre tinha sido ensinada, uma vez que esse facto seria susceptível de ser entendido como uma marginalização implícita dos possuidores de tão estranha inclinação. Poderiam, até, apoiar a alteração do currículo das disciplinas matemáticas para que passassem a afirmar a legitimidade de tais crenças alternativas, encorajando os seus adeptos a celebrarem e a terem orgulho na sua predilecção; e assim por diante.
Para os defensores da proposição 2 + 2 = 5, a mera possibilidade de se poder conceber a existência duma ordem natural criada por Deus, onde existam verdades matemáticas eternas e imutáveis tornar-se-ia-lhes odiosa; assim como todas as religiões que o afirmassem. Todas as tradições culturais e todas as civilizações que tivessem incorporado, em si, a matemática clássica parecer-lhes-iam, opressivas e algo a ser demolido e rejeitado por completo, procurando substituí-las por contrafacções idolátricas mais consentâneas com o seu vício intelectual.
Numa sociedade onde a maioria das pessoas chegassem a pensar segundo essa aritmética revisionista, a corrupção do intelecto não se quedaria pela aritmética. A capacidade geral de raciocinar correctamente não sobreviveria a uma tal deformação mental, porque teriam sido implicitamente minados os mais básicos princípios da lógica (nomeadamente, o princípio da não-contradição).»
Edward Feser (Edward Feser: Psychoanalyzing the sexual revolutionary)
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