«Há um ponto interessante, nesta discussão acerca dos direitos naturais, que muitas vezes é mal compreendido ou totalmente ignorado: S. Tomás de Aquino insiste que no grupo doméstico não podem existir direitos individuais em sentido estrito.
Ou seja, em comparação com a dedicação, o carinho e o zelo essenciais para a manutenção do grupo doméstico, a justiça tem de ser relegada para segundo plano.
A verdade é que neste grupo os seres humanos têm especiais relações de intimidade entre si - marido e mulher, pais e filhos, senhores e servos -, e
por isso, estritamente falando, a relação, entre eles, não é de um com o outro,
mas de cada um com o agregado familiar: não há clivagem clara entre os
diferentes membros do grupo doméstico; não se podendo portanto dizer que, entre
eles, algo é devido a um deles ou que um deles tem direito a algo, pois todos
eles são, em certo sentido, um só.
Como indivíduos, é claro, todas essas pessoas têm
os seus direitos; mas como membros do grupo doméstico, eles fazem parte uns dos
outros, tendo direitos comuns e não individuais.
Aqui reside a diferença marcante entre a
subordinação à unidade da ordem familiar do ponto de vista católico e o
individualismo e o caos da posição moderna.
A subordinação que existe na família não é injusta,
tirânica ou de inferioridade; de facto, os maus-tratos a um membro do grupo
doméstico são tão anti-naturais e repugnantes quanto a prática da auto-mutilação.
Na verdade,
esta unidade da família é a representação natural do denominador comum criado,
num grupo, pela virtude sobrenatural da caridade.»
Walter Farrel, A
Copanion to the Summa, volume III, pág. 100.
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