E, por que não, aderir ao politicamente correcto?

 

Por que não, aderir às narrativas do politicamente correcto?

Por que não havemos de aceitar, sem reservas, a “ideologia de género”, o "anti-racismo", o "feminismo", o "gaysismo", o “trans-humanismo”, o combate às “alterações climáticas” e à “pandemia mais apocalíptica da história das pandemias apocalípticas da história da humanidade”, …?

Por que não?

Já que nada podemos fazer contra o totalitarismo global, por que não, tentar tirar o melhor partido da situação?

Por que não, explorar a situação em vez de andar para aí com lamúrias?

Façamos o que nos é mais conveniente! - por que não?

Por que não fazer, do politicamente correcto, uma carreira de sucesso - como tantos outros fazem?

 Por que não entregar, a porção mais íntima de nós mesmos, ao sistema - tal como já entregámos o nosso comportamento público?

Por que não?

Ao alimentarmos dúvidas, ao mantermos reservas, só estamos a prejudicarmo-nos - por que não havemos simplesmente de deixar de lado as nossas dúvidas e reservas?

Basta dizer um sim interior ao que, de qualquer maneira, vamos ser forçados a aceitar, do exterior (mais tarde ou mais cedo) ...

Já que necessariamente vamos ter de habitar o resto da vida nesta “prisão do pensamento”, então, por que não, pelo menos, tentar ser um dos reclusos “de confiança” – assim, até, poderemos, quem sabe, orientar, no bom sentido, o funcionamento da prisão – e, de caminho obter alguns privilégios?

Por que não, de facto?

Por que não, tornarmo-nos, quiçá, um dos guardas da prisão? Alguém tem que fazer o trabalho! Talvez possamos até moderar, de dentro, a severidade do sistema?

(E aqui reside a tentação característica da elite intelectual – uma tentação a que poucos resistem - um pragmatismo (literalmente) destruidor da alma pelo qual (por razões eminentemente sensatas) silenciosamente, gradualmente, vamos mudando de campo na batalha espiritual - a guerra invisível entre o Bem e aquilo que se opõe ao Bem.)

Efectivamente, porque não?

Não há qualquer razão terrena para não o fazer.

 

Num mundo onde o politicamente correcto é ubíquo e todo-poderoso, há só uma razão convincente para lhe tentar resistir: 

É que, aceitar o politicamente correcto, destrói a nossa alma.

Se não acreditarmos na existência da alma imortal, então, essa razão não terá qualquer peso: e, como tal, pelos nossos próprios cálculos, é ilógico e estúpido resistir ao sistema.

Se não acreditarmos na existência duma Moral Natural (o conhecimento inato do Bem), e que violar essa Moral Natural prejudica a nossa alma - então logicamente devemos aprender a amar o politicamente correcto.

Se não acreditarmos na realidade da existência dum Bem transcendente - então podemos deixarmo-nos ir com a corrente e permitir que nos reprogramem, aprendendo, com o hábito, a re-rotular a mentira como verdade, a fealdade como beleza e o vício como virtude - até que, as narrativas do politicamente correcto, penetrem o nosso coração e a nossa alma, encham os nossos ouvidos e comecem a sair pela nossa boca.

Mas, acontece que, o politicamente correcto, é puro niilismo; e, portanto, não se trata de algo meramente político, mas existencial.

Lutar contra as suas narrativas é, em última análise, um acto existencial: uma batalha para preservar a nossa alma eterna.

Mas se não acreditarmos em nada disto: então, é melhor habituarmo-nos a ter de o engolir -  24 horas por dia,7 dias da semana.

 

E, ... por que não?...

 

Bruce Charlton, 25/8/2021

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