Do conformismo generalizado perante as mais óbvias incoerências e
contradições do discurso oficial
Hoje, a grande maioria das pessoas não presta qualquer atenção à Vida Real. Para o homem moderno, a vida real, é algo com importância apenas a nível pessoal e subjectivo. A experiência pessoal e as observações directamente obtidas, são apenas “coisas” "pessoais" que devem ser ignoradas.
Para
encontrar a “realidade” – algo verdadeiramente válido, sério, e objectivo – as
pessoas, viram-se para o mundo remoto da “ciência”, da “investigação", do Direito, da economia, etc.
Mas esta “realidade”
pública e (supostamente) “objectiva” é conhecida pelas massas apenas
indirectamente através dos meios de comunicação social, dos especialistas, dos porta-vozes
dos governos e organizações internacionais.…
Assim, a "realidade objectiva", nunca é aprendida pelos próprios; ela está sempre algures,
noutro lugar - e é comunicada à população somente através de instituições.
A poluição, por exemplo, deixou de ser aferida, como até há pouco, pelo mau cheiro, pelo fumo na atmosfera, pelo grau de ruído, pela sujidade das águas ou pela devastação da natureza e passou a ser avaliada pela medição, por especialistas, do teor de Co2, de tal forma que, o abate de milhares de sobreiros e a chacina de centenas de animais numa herdade da Azambuja, para permitir a construção duma quinta fotovoltaica, onde nenhum desses seres vivos poderá existir, passou a ser considerado algo de bom para o ambiente.
Durante a "pandemia", o estado de doença deixou de ser determinado pelos sintomas e sinais apresentados pelo paciente, através dum diagnóstico médico e passou a ser determinado administrativamente por meio dum teste (PCR) do qual as autoridades nunca revelaram as especificações (número de ciclos,etc.), de tal forma que uma pessoa, outrora considerada saudável, podia ser considerada doente (isto é, um caso - uma categoria médica inventada ad hoc para a covid - na verdade, tratou-se duma pandemia de casos) estando na realidade perfeitamente saudável.
Cria-se assim um mundo virtual, sustentado pelo sistema, pelos meios de comunicação social, pela política, pelo discurso oficial, que contradiz frequentemente a realidade apreendida directamente na vida real.
Mas, as pessoas, pela força do hábito, já não ligam a incoerências; na verdade, as populações não só a elas se habituaram, como, até estão, de antemão, à sua espera, chegando a inventar, a posteriori, desculpas elaboradas, para as justificarem e, assim, conseguirem manter a crença de que o sistema (ao qual desejam servir e do qual anseiam fazer parte) é no essencial benigno e bem-intencionado.
Na verdade, hoje, é
de duvidar que a grande maioria das pessoas fosse ainda intelectualmente capaz de detectar
qualquer incoerência por óbvia que seja.
Um dia,
ouvem os seus líderes e os respectivos porta-vozes dizerem uma coisa... e, no
dia seguinte, os mesmos, dizerem exactamente o oposto; e, as pessoas já
estão à espera que assim seja; e, nem chegam a relacionar as duas afirmações - como
se se tratassem de acontecimentos aleatórios, totalmente independentes uns dos outros.
Para as grandes massas populacionais modernas, a vida compõe-se de acontecimentos desgarrados que se sucedem sem qualquer relação entre si; este modo de encarar a realidade tem, por sua vez, origem nas suas assumpções mais profundas e definitivas, para as quais a realidade é produto de causalidades físicas irracionais e do acaso.
Logo, para elas a vida "real" são apenas “coisas” que “acontecem” – e, sendo assim, seria
infantil e tolo esperar que fizessem sentido – porque a própria vida não tem
qualquer sentido...
Então, as
pessoas não estão à espera que a vida faça sentido – e ela, para elas, passa efectivamente
a não fazer sentido - e assim se confirmam as suas expectativas.
Para quê perder tempo a “analisar” uma
realidade que, à partida, sabemos ser incoerente? Semelhante esforço só levaria à
descoberta daquilo que já se sabe – de que nada faz sentido.
E toda essa “aleatoriedade
determinista” já nem é uma “crença” que lhes é ensinada e por eles aprendida; já funciona ao nível bem mais profundo dos pressupostos metafísicos mais básicos acerca da
natureza da realidade.
São estas mesmas assumpções "materialistas/positivistas" que permeiam também as declarações características do discurso público de hoje e que, de facto, o estruturam; qualquer coisa que não esteja de acordo com elas não tem qualquer sentido e não é susceptível de influenciar esse discurso público.
A vida
pública moderna está, assim, prisioneira das suas próprias assumpções - de que
nada faz sentido e de que a vida não leva a lugar nenhum - e, assume essa incoerência universal.
A consequência necessária e lógica deste estado das coisas, é que a vida pública passou a ser dominada pelo puro poder - pela força (por quem consegue o maior número de votos), pela propaganda (por quem controla mais meios de comunicação social) e pelo dinheiro (por quem consegue comprar mais consciências) - porque não existindo moral objectiva, bom senso, natureza das coisas, coerência ou racionalidade, que os mais fracos e pobres possam contrapor à vontade dos mais fortes e ricos - por mais imoral, arbitrária, contra natura, incoerente e irracional que seja, - instala-se lei da selva.
A moralidade
modernas passou a ser uma mera questão de conveniência; uma forma de cada um conseguir
tirar o máximo proveito daquilo que, num dado momento, lhe está a ser imposto. E se o que
lhe está a ser imposto ao sábado for diferente do que lhe foi imposto à
sexta - bem, então, ... só há que obedecer, porque essas contradições “não são da
nossa
Portanto, quando os políticos, especialistas, etc. se contradizem abertamente - desaconselhando num dia o uso de máscaras, por estas darem uma “falsa sensação de segurança” mas tornando, passada uma semana, o seu uso, uma política nacional mandatória, as pessoas já nem reagem; porque sabem que tudo o que têm a fazer, é obedecer ao diktat do dia, se não quiserem arranjar um sem número de problemas.
O lema é obedecer, seja como for e ao que for, desde que no curto prazo seja vantajoso …
Na verdade, seria perigosamente ingénuo (ou, secretamente mau) estar à espera do contrário, e exigir coerência às autoridades - hoje, chegaria a ser perverso, exigir-lhes honestidade!
A partir de um texto de Bruce Charlton
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