The only way out

É verdadeiramente admirável como tantas pessoas se agarraram a uma visão do mundo que não tem nada para lhes oferecer.

Uma mundivisão que descreve o universo como não tendo qualquer sentido ou significado – onde tudo acontece por uma paradoxal mistura entre um determinismo rígido (a evolução o progresso) e o mais aleatório acaso; que afirma vir a vida humana do nada e acabar, com a morte, na extinção total; e cuja moralidade (estranhamente), é simultaneamente algo sem qualquer base objectiva  - algo que pode ser construído e alterado “à vontade” – e, no entanto, é de uma importância extrema de tal modo que, quem se atrever a violar o tabu do dia, merece ver a vida destruída.

É evidente, que ninguém, no seu perfeito juízo, gostaria que este absurdo correspondesse à realidade; no entanto, biliões de pessoas (independentemente da religião que, à superfície, digam eventualmente professar) operam segundo estas assumpções – presumivelmente porque se convenceram de que elas têm de ser verdadeiras e de que efectivamente são verdadeiras.

E, sendo assim, o homem moderno, procura confortar-se desta desespero existencial  recorrendo a um sem número de tácticas que passam por esquecer-se de si próprio através da imersão no trabalho; na vida social (viagens, turismo, etc.); em aventuras amorosas e sonhos sexuais; mas, sobretudo, através da alienação da comunicação social, da indústria de entretenimento; e duma atitude “terapêutica” em relação à vida (a monomania da saúde) que, ele espera, o venha a preservar da multidão de problemas físicos e psicológicos que assolam a vida humana – através duma sempre crescente panóplia de recursos médicos e farmacológicos (incluindo psicoterapias e engenharia social).

No fundo, a moralidade própria desta mundivisão moderna ateia e materialista, resume-se a um propósito de aliviar o sofrimento e maximizar o prazer através dum vasto espectro de intervenções sociopolíticas perpetradas pelas instituições estatais e supranacionais – mormente da área da “saúde”.

 Uma das mais prementes razões para a rejeição moderna das doutrinas, restrições e proibições religiosas, é o medo de que estas possam interferir com os referidos esquemas de alívio e fuga das misérias da vida – o medo de que, a realidade revelada pela religião, torne a vida insuportável.

Ou seja, as pessoas primeiro escolheram assumir que a vida e a realidade são completamente fúteis; e depois gastam a vida a tentar impedir que esse facto se lhes torne consciente.

Mas, como é bom de ver, essa táctica não é muito eficaz pois um estado de distração permanente não é algo susceptível de poder conferir qualquer espécie de sentido à vida ou de a poder fazer valer a pena viver – dado o subjacente e sempre presente desespero existencial que, do ponto de vista materialista, está inelutavelmente associado à condição humana.

No entanto, este “problema moderno” é, um problema autocriado; porque cada um de nós, como ser humano, tem o livre arbítrio de escolher as suas convicções básicas (isto é, as suas assumpções metafísicas) – ou, até, de, pelo contrário, não as escolher e alinhar com o que quer que o sistema lhe queira impor.

Mas, quer decidamos tomar consciência da nossa própria escolha, quer obedeçamos passivamente aos diktates do poder– em última análise a responsabilidade pessoal é sempre nossa.

Então, a situação (tal como a recordo dos tempos em que ainda perfilhava a mundivisão materialista e ateia) é uma situação de um niilismo sem saída; porque, uma vez este niilismo internalizado e aceite como realidade, é impossível que qualquer teoria ou evidência, nos consiga convencer da existência de algo melhor.


O homem moderno só poderá escapar deste círculo vicioso se alterar as suas assumpções fundamentais acerca da natureza da realidade (isto é, se adoptar uma metafísica diferente).

 Por outras palavras, ele precisa de, para lá do seu desespero e alienação, retornar à simples, pura e clara metafísica cristã.

A metafísica é, portanto, o primeiro e mais essencial passo.

 

            Bruce Charlton

Comentários

  1. O SER ou o ter, escolheram ou foram empurrados para o "ter", mesmo quando já nada têm e vivem de concessões. Acordar para é doloroso, a maioria prefere continuar alienada vivendo através dos seus "avatar's"

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