O “intelectual” é uma invenção moderna peculiar
surgida quando a Igreja abdicou da tarefa de orientar a vida das pessoas. Não é
pois obra do acaso que a ascensão de semelhante personagem tenha coincidido com
a revolução francesa. Estes dois acontecimentos têm uma relação causal. Aquele
abandono da Igreja criou o vácuo moral e intelectual onde a espécie
"intelectual" pôde prosperar.
Na generalidade, os intelectuais modernos, não
passam de vigaristas e/ou devassos cujas teorias se destinam a ser aplicadas a
todos, menos a eles próprios.
Assim, por exemplo, Rousseau escreveu Emile,
o primeiro livro moderno sobre educação infantil, enquanto atirava os seus
cinco filhos ilegítimos para orfanatos públicos onde muito provavelmente - não
se sabe ao certo - por força das más condições aí existentes, terão falecido
Por seu lado, Karl Marx, o paladino da defesa do
proletariado, só conheceu um proletário em toda a sua vida de burguês, a
sua criada, Lenchen, a quem não pagava um tostão de salário e a quem, além de
explorar economicamente, explorava sexualmente, tendo-lhe feito um filho cuja
paternidade sempre se recusou a reconhecer.
E, o famigerado Complexo de Édipo, de Freud,
surgiu muito provavelmente da relação amorosa que manteve com a sua cunhada
Minna Bernays, não sendo mais que a compulsão e a culpa pessoal de Freud
projectadas no resto da humanidade - sabe bem, embora seja um pouco
neurótico, transferir a culpa própria para o mundo à nossa volta.
Se investigarmos um pouco, verificaremos, que esta
é uma característica constante na vida dos intelectuais modernos.
Assim, sabe-se hoje que o relativismo cultural de
Margaret Mead, base da antropologia moderna e da revolução sexual dos anos 60,
não foi mais que uma racionalização “chico-esperta” do adultério de…
Margaret Mead; a qual traía o marido - de forma bastante inclusiva e
diversitária - tanto com parceiros do sexo masculino como do feminino. Que melhor maneira de
justificar um comportamento adúltero, aquietando a própria consciência,
do que “descobrir” que os habitantes de Samoa - os bons selvagens intocados
pelos preconceitos da civilização judaico cristã - não se importavam de ser traídos pelo respectivo cônjuge. Nas suas memórias Margaret conta que obteve tão relevante
informação vivendo, em pessoa, durante algum tempo, em estreita comunhão
com os samoanos, tendo para o efeito gasto previamente "seis semanas"
a estudar o respectivo idioma - feito tanto mais admirável quanto, apesar de no
fim da vida ter confessado nunca ter conseguido dominar outra língua para além
do seu inglês natal, ter no entanto conseguido dominar, em tão curto espaço de
tempo, tão dificultoso idioma, como o samoano, que nem sequer faz parte da
família indo europeia. (Na realidade tudo não passou duma rematada
mentira, como descobriu anos mais tarde, Freedman, um antropólogo
australiano, pois, por exemplo, como ele descreve com provas fidedignas,
os samoanos, antes da chegada do cristianismo, puniam o crime de adultério com
penas bem cruéis, como o corte das orelhas e do nariz dos adúlteros –
provando-se mais uma vez que o sexto mandamento está incito na lei moral
natural universalmente inscrita por Deus no coração dos homens de todas as
civilizações. )
A inteligência, segundo Aristóteles e S. Tomás de
Aquino é a capacidade humana de captar a verdade e, portanto, o essencial do ser
humano, aquilo que o diferencia dos animais, não é o pensamento nem a razão, nem uma imaginação ou memória
excepcionalmente desenvolvidas.
O que nos torna humanos é o facto de que
tudo aquilo que pensamos, imaginamos, raciocinamos e recordamos, sermos capazes
de o ver como um conjunto, em relação ao qual, podemos dizer um Sim ou um
Não; um “É verdadeiro”, ou um “É falso” - o sermos capazes de julgar a
veracidade ou falsidade de tudo aquilo que a nossa própria mente vai conhecendo
ou produzindo.
Por outras palavras, a vida intelectual é função da vida moral.
Para se poder apreender a verdade – objectivo último da vida intelectual - é preciso ter-se uma vida moralmente orientada.
Qualquer um pode conceber um produto intelectual qualquer ( pensar,
até pensa um burro), mas quanto mais, aquele que pensa, tiver renunciado a uma
vida orientada pela lei moral, mais as suas construções intelectuais
serão resultado, não da realidade externa, mas dos seus desejos pessoais
internos.
Na vida intelectual ou conformamos os
nossos desejos com a realidade, ou conformamos a realidade com os nossos
desejos.
Como exemplos do primeiro caso temos,
Sócrates, Platão, Aristóteles, S. Agostinho e S. Tomás; como exemplos do
segundo temos os aldrabões e devassos, acima mencionados.
De facto quem quer que estude as vidas
dos intelectuais ditos modernos, descobrirá que Voltaire, Diderot, Jean-Jacques
Rousseau, Sade, Karl Marx, Tolstoi, Bertolt Brecht, Bertrand Russell,
Jean-Paul Sartre, Max Horkheimer, Theodor Adorno, Georg Lukács, Antonio
Gramsci, Lillian Hellman, Michel Foucault, Louis Althusser, Norman Mailer, Noam
Chomsky e tutti quanti foram indivíduos sádicos, obsessivamente mentirosos,
aproveitadores cínicos, vaidosos até à demência, desprovidos de qualquer
sentimento moral superior e de qualquer boa intenção por menor que fosse,
excepto, talvez, no sentido de usar as palavras mais nobres para nomear os
actos mais torpes. Muitos cometeram assassinatos pessoalmente, sem jamais
demonstrar remorso. Outros foram violadores ou exploradores de mulheres,
opressores vis dos seus empregados, agressores das suas esposas e filhos.
Outros, orgulhosamente pedófilos.
Em suma, o panteão dos pensadores modernos é
uma galeria de deformidades morais de fazer inveja à lista de vilões da
literatura universal.
É certo que o vício e os comportamentos imorais, sobretudo os sexuais, são muito comuns (a carne é fraca). E, o apetite sexual é um apetite que, se não for convenientemente controlado, com facilidade pode adquirir um poder desmesurado , levando quase que inevitavelmente, a comportamentos sexuais compulsivos que estão nos antípodas daquilo que é um comportamento racional e provocando com frequência o desespero de quem não o consegue dominar.
E, é aí que entra em acção uma tentação característica da nossa época: a tentação de transmutar o mal em bem; de usar o intelecto, ou a "ciência", como forma de deslegitimar a norma, ou de a subverter.
O acontecimento intelectual decisivo ocorre, pois,
quando o vício se transmuta em teoria, isto é, quando o “intelectual” decidido
a revoltar-se contra a lei moral - e portanto contra a verdade - tenta
encontrar uma justificação racional para o seu vício.
Todos os “ismos” modernos resultam directamente
desta revolta; todos eles são tentativas de racionalizar e justificar vícios;
todos eles podem ser entendidos à luz da desordem moral dos seus fundadores,
proponentes e adeptos; todas eles são em última análise racionalizações de
escolhas pessoais que os seus criadores sabiam serem erradas.
No seu livro The Silence of St. Thomas, Josef
Pieper sintetiza muito bem o que, aqui, está em causa:
«Como nos nossos dias estamos convencidos que para alcançar a verdade basta pôr o cérebro a trabalhar mais ou menos vigorosamente, desconsideramos a abordagem ascética do conhecimento e perdemos consciência da estreita relação existente entre o conhecimento e o estado de pureza.
S. Tomás diz que o primeiro fruto da concupiscência é a cegueira do espírito.
Só quem não deseja nada para si próprio, quem não está subjectivamente “interessado”, pode apreender a verdade.
Pelo contrário, uma vontade impura, egoísta e corrompida pelo desejo de prazer, destrói tanto a resolução do espírito como a capacidade do intelecto para escutar com silenciosa atenção a linguagem da realidade.»
A vida intelectual moderna caracteriza-se assim
por um círculo vicioso, oscilando entre os vícios (sobretudo) sexuais e
os vícios intelectuais: os vícios sexuais levam a más construções intelectuais,
meras racionalizações dos vícios pessoais que, voltando as costas à verdade em
prol dos desejos subjectivos dos respectivos autores, levam, por sua vez, a
comportamentos ainda mais dissolutos que, por seu lado, conduzem à produção de
ideologias cada vez mais absurdas e ridículas.
Vejamos o exemplo de John Maynard
Keynes. A sua homossexualidade é fundamental para compreender as suas teorias
económicas. Numa época em que a maioria dos países estão esmagados por dívidas
soberanas impagáveis, convém lembrar que, na origem deste fenómeno, esteve uma teoria económica radicalmente errada que advoga a penhora do futuro em nome
do consumo presente. Ora, esta é uma forma de ver as coisas,
caracteristicamente homossexual.
A natureza humana não se deixa dividir em
compartimentos estanques, mutuamente exclusivos. Um homem que escolhe
confirmar-se na (assumir a) sua homossexualidade tem uma visão do mundo completamente
diferente da de um outro que adopte a visão cristã segundo a qual a sexualidade
está inextricavelmente ligada à procriação e limitada, na sua expressão,
ao cônjuge.
A economia, como a sexualidade, baseia-se na
natureza humana. No esquema clássico das coisas, a economia, era a ciência que
fazia a ponte entre a ética e a política, todas as três fazendo parte da
sabedoria prática que procurava atingir o bem nos assuntos humanos. De facto, a
palvra “economia” tem a sua origem etimológica na palavra grega oikos, que
significa “governo do lar”, o que mostra ser a tradição clássica sábia, ao
expressar desta forma, a forte conexão que existe entre o comportamento
económico e as relações entre os sexos, cujo o arquétipo clássico era a família
tradicional.
O homossexual tem uma visão muito peculiar da
sexualidade humana e portanto da família e como tal não é de estranhar que a
sua visão da economia seja igualmente peculiar.
Como Sir William Rees-Mog, comentava “a homossexualidade, a qual é uma rejeição das “regras comuns”, levou Keynes a rejeitar o “padrão ouro” por este se traduzir num controlo automático da inflação monetária, levando-o a defender uma visão infantilizada da economia, segundo a qual, o usufruto dos prazeres presentes se sobrepõe aos interesses das gerações futuras."
A economia para Keynes era apenas um meio de Keynes e os seus comparsas melhor poderem usufruir, no imediato, dos frutos por ela proporcionados.
Da correspondência de Keynes com Lytton
Strachey e Duncan Grand, resulta claramente, que para ele a homossexualidade
não era uma mera preferência sexual, mas fazia parte da “vida boa” tal como era
entendida pela “ética” do grupo elitista de intelectuais e artistas conhecido
por Bloomsbury, onde pontificavam nomes como E. M. Foster, Lyttton Strachey,
Roger Fry, Clive Bell, Sir Antonhy Blunt, entre outros.
Esta “ética”, punha a tónica na satisfação
imediata dos desejos, do mesmo modo que a teoria económica de Keynes se
veio a basear totalmente no “curto prazo” precludindo qualquer julgamento de
“longo prazo” (“no longo prazo todos estamos mortos”).
Schumpeter delicadamente chamou “visão infantil” a
esta “ética” que na doutrina económica de Keynes se traduziu na assumpção de
ser consumo e não a poupança, o motor da economia; sendo a poupança
entendida, até, por ele como algo de nocivo do ponto de vista económico e
social.
A chave para compreender tudo isto está naquilo a
que se chamou convencionou chamar modernidade, isto é, a grande revolta contra as
normas morais estabelecidas e contra as verdades religiosas milenares. Uma vez
estas afastadas não tardou que a modernidade e o vício sexual
da homossexualidade ficassem inextricavelmente ligados.
Efectivamente, a subversão que a homossexualidade
implica, vai muito além da simples destruição das regras estabelecidas, porque
se trata de algo de carácter muito mais pessoal, uma vez que, todos os que
tomam a opção de basear a sua conduta naquilo que são, em vez de a fundarem
naquilo que deveriam ser, mais tarde ou mais cedo vêem a odiar e a querer
destruir aqueles que não o fazem, a sociedade onde se inserem, a
família tradicional, as crianças que dela resultam, as mulheres que as dão à luz
e a Igreja que tudo isto abençoa.
Como S. Paulo disse dos intelectuais do seu tempo:
“Quanto mais se chamam a si próprios
filósofos, mais estúpidos se tornam… Por isso Deus os abandonou aos seus
prazeres imundos em cujas práticas desonram os seus próprios corpos, ao
trocarem a Verdade Divina por mentiras, servindo as criaturas em vez do
Criador… Por esse motivo Deus os abandonou às suas paixões degradantes e as
suas mulheres abandonaram as relações naturais por práticas contra-natura. Do
mesmo modo também os homens, deixando o uso natural da mulher, arderam em
desejos uns para com os outros, cometendo homem com homem a torpeza, e
recebendo em seus corpos a paga devida ao seu desvario. Como não se preocuparam
em adquirir o conhecimento de Deus, Deus entregou-os aos sentimentos
depravados, e daí o seu procedimento indigno… (Romanos 1:22-28)
Ou, por outras palavras, o comportamento imoral,
nomeadamente a nível sexual, é o resultado lógico e simultaneamente a força
motriz, do relativismo cultural, o qual não passa
duma mera racionalização da imoralidade em geral e dos vícios sexuais
em particular, nomeadamente da homossexualidade.
E, esta, é a maldição da nossa época.
A partir de trechos de Degenerate
Moderns de E. Michael Jones e de textos de Olavo de Carvalho
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