S. Paulo na Prisão (Rembrant)


 The whole case for Christianity is that a man who is dependent upon the luxuries of this life is a corrupt man; spiritually corrupt, politically corrupt, financially corrupt. 
G.K. Chesterton

O “intelectual” é uma invenção moderna peculiar surgida quando a Igreja abdicou da tarefa de orientar a vida das pessoas. Não é pois obra do acaso que a ascensão de semelhante personagem tenha coincidido com a revolução francesa. Estes dois acontecimentos têm uma relação causal. Aquele abandono da Igreja criou o vácuo moral e intelectual onde a espécie "intelectual" pôde prosperar. 

Na generalidade, os intelectuais modernos, não passam de vigaristas e/ou devassos cujas teorias se destinam a ser aplicadas a todos, menos a eles próprios. 

Assim, por exemplo, Rousseau escreveu Emile, o primeiro livro moderno sobre educação infantil, enquanto atirava os seus cinco filhos ilegítimos para orfanatos públicos onde muito provavelmente - não se sabe ao certo - por força das más condições aí existentes, terão falecido 

Por seu lado, Karl Marx, o paladino da defesa do proletariado, só conheceu um proletário em toda a sua vida de burguês, a sua criada, Lenchen, a quem não pagava um tostão de salário e a quem, além de explorar economicamente, explorava sexualmente, tendo-lhe feito um filho cuja paternidade sempre se recusou a reconhecer. 

E, o famigerado Complexo de Édipo, de Freud, surgiu muito provavelmente da relação amorosa que manteve com a sua cunhada Minna Bernays, não sendo mais que a compulsão e a culpa pessoal de Freud projectadas no resto da humanidade  -  sabe bem, embora seja um pouco neurótico, transferir a culpa própria para o mundo à nossa volta. 

Se investigarmos um pouco, verificaremos, que esta é uma característica constante na vida dos intelectuais modernos. 

Assim, sabe-se hoje que o relativismo cultural de Margaret Mead, base da antropologia moderna e da revolução sexual dos anos 60, não foi mais que uma racionalização “chico-esperta” do adultério de…  Margaret Mead; a qual traía o marido - de forma bastante inclusiva e diversitária - tanto com parceiros do sexo masculino como do feminino. Que melhor maneira de justificar um comportamento adúltero, aquietando a própria consciência,  do que “descobrir” que os habitantes de Samoa - os bons selvagens intocados pelos preconceitos da civilização judaico cristã - não se importavam de ser traídos pelo respectivo cônjuge. Nas suas memórias Margaret conta que obteve tão relevante informação vivendo, em pessoa, durante algum tempo, em estreita comunhão com os samoanos, tendo para o efeito gasto previamente "seis semanas" a estudar o respectivo idioma - feito tanto mais admirável quanto, apesar de no fim da vida ter confessado nunca ter conseguido dominar outra língua para além do seu inglês natal, ter no entanto conseguido dominar, em tão curto espaço de tempo, tão dificultoso idioma, como o samoano, que nem sequer faz parte da família indo europeia. (Na realidade tudo não passou duma rematada mentira, como descobriu anos mais tarde, Freedman, um antropólogo australiano, pois, por exemplo, como ele descreve com provas fidedignas, os samoanos, antes da chegada do cristianismo, puniam o crime de adultério com penas bem cruéis, como o corte das orelhas e do nariz dos adúlteros – provando-se mais uma vez que o sexto mandamento está incito na lei moral natural universalmente inscrita por Deus no coração dos homens de todas as civilizações.  )

A inteligência, segundo Aristóteles e S. Tomás de Aquino é a capacidade humana de captar a verdade e, portanto, o essencial do ser humano, aquilo que o diferencia dos animais, não é o pensamento nem a razão, nem uma imaginação ou memória excepcionalmente desenvolvidas.

 O que nos torna humanos é o facto de que tudo aquilo que pensamos, imaginamos, raciocinamos e recordamos, sermos capazes de o ver como um conjunto, em relação ao qual, podemos dizer um Sim ou um Não; um “É verdadeiro”, ou um “É falso” - o sermos capazes de julgar a veracidade ou falsidade de tudo aquilo que a nossa própria mente vai conhecendo ou produzindo.

 Por outras palavras, a  vida intelectual é função da vida moral.

 Para se poder apreender a verdade – objectivo último da vida intelectual - é preciso ter-se uma vida moralmente orientada. 

Qualquer um pode conceber um produto intelectual qualquer ( pensar, até pensa um burro), mas quanto mais, aquele que pensa, tiver renunciado a uma vida orientada pela lei moral, mais as suas  construções intelectuais serão resultado, não da realidade externa, mas dos seus desejos pessoais internos.

 Na vida intelectual ou conformamos os nossos  desejos com a realidade, ou conformamos a realidade com os nossos desejos.

 Como exemplos do  primeiro caso temos, Sócrates, Platão, Aristóteles, S. Agostinho e S. Tomás; como exemplos do segundo temos os aldrabões e devassos, acima mencionados. 

 De facto quem quer que estude  as vidas dos intelectuais ditos modernos, descobrirá que Voltaire, Diderot, Jean-Jacques Rousseau, Sade, Karl Marx, Tolstoi, Bertolt Brecht,  Bertrand Russell, Jean-Paul Sartre, Max Horkheimer, Theodor Adorno, Georg Lukács, Antonio Gramsci, Lillian Hellman, Michel Foucault, Louis Althusser, Norman Mailer, Noam Chomsky e tutti quanti foram indivíduos sádicos, obsessivamente mentirosos, aproveitadores cínicos, vaidosos até à demência, desprovidos de qualquer sentimento moral superior e de qualquer boa intenção por menor que fosse, excepto, talvez, no sentido de usar as palavras mais nobres para nomear os actos mais torpes. Muitos cometeram assassinatos pessoalmente, sem jamais demonstrar remorso. Outros foram violadores ou exploradores de mulheres, opressores vis dos seus empregados, agressores das suas esposas e filhos. Outros, orgulhosamente pedófilos. 

 Em suma, o panteão dos pensadores modernos é uma galeria de deformidades morais de fazer inveja à lista de vilões da literatura universal.  

É certo que o vício e os comportamentos imorais, sobretudo os sexuais, são muito comuns (a carne é fraca).  E, o apetite sexual  é um apetite que, se não for convenientemente controlado, com facilidade pode adquirir um poder desmesurado , levando quase que inevitavelmente, a  comportamentos sexuais compulsivos que estão nos antípodas daquilo que é um comportamento racional e provocando com frequência o desespero de quem não o consegue dominar.

E, é aí que entra em acção uma tentação característica da nossa época: a tentação de transmutar o mal em bem; de usar o intelecto, ou a "ciência", como forma de deslegitimar a norma, ou de a subverter. 

O acontecimento intelectual decisivo ocorre, pois, quando o vício se transmuta em teoria, isto é, quando o “intelectual” decidido a revoltar-se contra a lei moral - e portanto contra a verdade - tenta encontrar uma justificação racional para o seu vício. 

Todos os “ismos” modernos resultam directamente desta revolta; todos eles são tentativas de racionalizar e justificar vícios; todos eles podem ser entendidos à luz da desordem moral dos seus fundadores, proponentes e adeptos; todas eles são em última análise racionalizações de escolhas pessoais que  os seus criadores sabiam serem erradas. 

No seu livro The Silence of St. Thomas, Josef Pieper sintetiza muito bem o que, aqui, está em causa: 

«Como nos nossos dias estamos convencidos que para alcançar a verdade basta pôr o cérebro a trabalhar mais ou menos vigorosamente, desconsideramos a abordagem ascética do conhecimento e perdemos consciência da estreita relação existente entre o conhecimento e o estado de pureza.

 S. Tomás diz que o primeiro fruto da concupiscência é a cegueira do espírito. 

Só quem não deseja nada para si próprio, quem não está subjectivamente “interessado”,  pode apreender a verdade.

 Pelo contrário, uma vontade impura, egoísta e corrompida pelo desejo de prazer, destrói tanto a resolução do espírito como a capacidade do intelecto para escutar com silenciosa atenção a linguagem da realidade.» 

A vida intelectual moderna caracteriza-se assim por um círculo vicioso, oscilando entre os vícios (sobretudo) sexuais e  os vícios intelectuais: os vícios sexuais levam a más construções intelectuais, meras racionalizações dos vícios pessoais que, voltando as costas à verdade em prol dos desejos subjectivos dos respectivos autores, levam, por sua vez, a comportamentos ainda mais dissolutos que, por seu lado, conduzem à produção de ideologias cada vez mais absurdas e ridículas.

 Vejamos o exemplo de John Maynard Keynes. A sua homossexualidade é fundamental para compreender as suas teorias económicas. Numa época em que a maioria dos países estão esmagados por dívidas soberanas impagáveis, convém lembrar que, na origem deste fenómeno, esteve uma teoria económica radicalmente errada que advoga a penhora do futuro em nome do consumo presente. Ora, esta é uma forma de ver as coisas, caracteristicamente homossexual.

 A natureza humana não se deixa dividir em compartimentos estanques, mutuamente exclusivos. Um homem que escolhe confirmar-se na (assumir a) sua homossexualidade tem uma visão do mundo completamente diferente da de um outro que adopte a visão cristã segundo a qual a sexualidade está inextricavelmente ligada à procriação e limitada, na sua expressão, ao  cônjuge.

 A economia, como a sexualidade, baseia-se na natureza humana. No esquema clássico das coisas, a economia, era a ciência que fazia a ponte entre a ética e a política, todas as três fazendo parte da sabedoria prática que procurava atingir o bem nos assuntos humanos. De facto, a palvra “economia” tem a sua origem etimológica na palavra grega oikos, que significa “governo do lar”, o que mostra ser a tradição clássica sábia, ao expressar desta forma, a forte conexão que existe entre o comportamento económico e as relações entre os sexos, cujo o arquétipo clássico era a família tradicional. 

O homossexual tem uma visão muito peculiar da sexualidade humana e portanto da família e como tal não é de estranhar que a sua visão da economia seja igualmente peculiar. 

Como Sir William Rees-Mog, comentava “a homossexualidade, a qual é uma rejeição das “regras comuns”, levou Keynes a rejeitar o “padrão ouro” por este se traduzir num controlo automático da inflação monetária, levando-o a defender uma visão infantilizada da economia, segundo a qual, o usufruto dos prazeres presentes se sobrepõe aos interesses das gerações futuras."

A economia para Keynes era apenas um meio de Keynes e os seus comparsas melhor poderem usufruir, no imediato, dos frutos por ela proporcionados.

 Da correspondência de Keynes com Lytton Strachey e Duncan Grand, resulta claramente, que para ele a homossexualidade não era uma mera preferência sexual, mas fazia parte da “vida boa” tal como era entendida pela “ética” do grupo elitista de intelectuais e artistas conhecido por Bloomsbury, onde pontificavam nomes como E. M. Foster, Lyttton Strachey, Roger Fry, Clive Bell, Sir Antonhy Blunt, entre outros. 

Esta “ética”, punha a tónica na satisfação imediata dos desejos, do mesmo modo que a teoria económica de Keynes se veio a basear totalmente no “curto prazo” precludindo qualquer julgamento de “longo prazo” (“no longo prazo todos estamos mortos”). 

Schumpeter delicadamente chamou “visão infantil” a esta “ética” que na doutrina económica de Keynes se traduziu na assumpção de ser consumo e não a poupança,  o motor da economia; sendo a poupança entendida, até, por ele como algo de nocivo do ponto de vista económico e social. 

A chave para compreender tudo isto está naquilo a que se chamou convencionou chamar modernidade, isto é, a grande revolta contra as normas morais estabelecidas e contra as verdades religiosas milenares. Uma vez estas afastadas não tardou que a modernidade e o vício sexual da homossexualidade  ficassem inextricavelmente ligados. 

Efectivamente, a subversão que a homossexualidade implica, vai muito além da simples destruição das regras estabelecidas, porque se trata de algo de carácter muito mais pessoal, uma vez que, todos os que tomam a opção de basear a sua conduta naquilo que são, em vez de a fundarem naquilo que deveriam ser, mais tarde ou mais cedo vêem a odiar e a querer destruir aqueles que não o fazem, a sociedade onde se inserem, a família tradicional, as crianças que dela resultam, as mulheres que as dão à luz e a  Igreja que tudo isto abençoa. 

Como S. Paulo disse dos intelectuais do seu tempo:

 “Quanto mais se chamam a si próprios filósofos, mais estúpidos se tornam… Por isso Deus os abandonou aos seus prazeres imundos em cujas práticas desonram os seus próprios corpos, ao trocarem a Verdade Divina por mentiras, servindo as criaturas em vez do Criador… Por esse motivo Deus os abandonou às suas paixões degradantes e as suas mulheres abandonaram as relações naturais por práticas contra-natura. Do mesmo modo também os homens, deixando o uso natural da mulher, arderam em desejos uns para com os outros, cometendo homem com homem a torpeza, e recebendo em seus corpos a paga devida ao seu desvario. Como não se preocuparam em adquirir o conhecimento de Deus, Deus entregou-os aos sentimentos depravados, e daí o seu procedimento indigno… (Romanos 1:22-28)

 Ou, por outras palavras, o comportamento imoral, nomeadamente a nível sexual, é o resultado lógico e simultaneamente a força motriz, do relativismo cultural, o qual não passa duma mera racionalização da imoralidade em geral e dos vícios sexuais em particular, nomeadamente da homossexualidade.

E, esta, é a maldição da nossa época.

A partir de trechos de Degenerate Moderns de E. Michael Jones e de textos de Olavo de Carvalho

 

 

 

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