A Guilda foi
o mais importante feito do sistema económico criado pelo Império Germano Cristão. Eram associações
profissionais autónomas que se controlavam a si próprias no que aos assuntos
internos dizia respeito assegurando a colaboração e a solidariedade entre os
seus membros em vez de instrumentalizarem as suas eventuais dissensões, como é característico
do anglo-capitalismo.
Os membros
das Guildas tinham de ser filhos legítimos porque a santidade do casamento era
considerado o pilar mais importante da estrutura social.
As guildas também funcionavam como associações
de crédito e financiamento, porque toda a sua riqueza imobiliária e mobiliária,
era pertença de toda a corporação e para uso de todos os seus membros.
Regulavam a competição, os termos económicos dos contractos e asseguravam o controlo de qualidade e . A concorrência, no ruinoso sentido moderno, era proibida sendo regulados por elas. Isto não significava a imposição duma igualdade socialista mas precludia a “corrida para baixo” que conduz inevitavelmente a uma ruinosa baixa de preços.
Eram também responsáveis pela fixação dos salários que, por isso mesmo, eram
bem mais elevados do que os posteriores à reforma e renascimento: sabe-se que na
baixa-Áustria, um salário de seis dias dava para um pedreiro ou um carpinteiro
comprarem três carneiros e um par de sapatos; e que na Inglaterra pré Reforma o salário
de três dias dum trabalhador pai de família chegava para uma família numerosa viver
confortavelmente por uma semana inteira.
Além disso
as guildas forneciam Segurança Social e benefícios não só aos mais pobres dos
seus membros como, quando o tesouro estava mais recheado, a pobres que não
pertenciam à guilda.
Como resultado,
o isolamento e solidão, tão característicos da idade moderna, eram
desconhecidos na Idade Média.
As guildas conseguiam evitar assim as
armadilhas tanto do socialismo como do capitalismo promovendo um feliz
equilíbrio dos conflitos de interesses, só possível quando a comunidade como um todo é posta
acima dos egoísmos pessoais e a preocupação com a honra se sobrepõe à procura
do lucro.
Foram, pois, as guildas o grande motor da substituição do trabalho escravo do Império romano pelo trabalho livre da Idade Média.
O principal
teste dum sistema económico é portanto, se ele valoriza mais o trabalho do que
a usura ou a usura mais do que o trabalho.
A
valorização do trabalho e a opção pela usura são as alternativas cuja escolha
determina o sucesso ou o falhanço duma economia.
A acumulação de capital na moderna era
capitalista, iniciada no Renascimento nas cidades-estado do norte da Itália, começou
com o roubo sistemático da riqueza produzida pelo trabalho, por meio duma combinação
entre salários baixos e desvalorização da moeda - ou, até, por simples roubo da
propriedade, como durante a Reforma e revoluções liberais nos países católicos.
Em Portugal
a primeira medida dos “Devoristas” (assim chamados pelo povo por terem devorado
toda a riqueza nacional) que se alcandoraram ao poder após a revolução liberal
de 1820, foi precisamente criar legislação que extinguisse o equivalente português das guildas, sob o
pretexto de serem… medievais. A segunda medida consistiu em venderem em hasta
pública os bens roubados à Igreja e ao povo, de tal forma que só eles próprios
preenchessem as condições de as poder comprar a preço de saldo - ainda hoje,
largas parcelas da riqueza nacional estão nas mãos dumas poucas famílias
descendentes destes mesmos Devoristas. (Conferir, Os Devoristas de Vasco Pulido Valente)
William
Cobett mostrou, nas suas obras históricas, como o sistema económico criado
pelos Mosteiros na Inglaterra se baseava na acumulação de capital para fins
sociais. “Os mosteiros” escreve ele, “floresceram em Inglaterra durante 900 anos
sendo adorados pelo povo; "foram destruídos por meios violentos, saqueados e os
respectivos monges assassinados por mãos ávidas”. “A reforma roubou aos pobres
o seu património”. “O saque dos mosteiros, cujas terras eram exploradas pelo
povo em termos muito vantajosos, transformou a Inglaterra da terra do roast beef na terra do pão seco e do porridge”.
Esta pobreza
surgiu porque o povo deixou de conseguir tirar proventos da terra que os monges
tinham organizado e desenvolvido ao longo dos séculos para proveito dos
camponeses.
O capitalismo
teve, pois, origem no saque das propriedades da Igreja (e, por arrasto, do
povo) durante a Reforma dando origem ao Liberalismo - escola filosófica criada literalmente
como justificação do roubo - o qual apenas veio a gerar pobreza, conflitos sociais e, mais
tarde, como reacção, o socialismo.
Ao contrário
do sistema capitalista que conduz inevitavelmente a conflitos sociais, ao
dividir a sociedade em credores e devedores e protegendo invariavelmente os
interesses dos primeiros em detrimento dos segundos, o sistema feudal mantinha
o carácter orgânico da sociedade porque operava de modo a unir os seus
diferentes elementos, protegendo a propriedade dos interesses egoístas de quem
por acaso a detivesse num dado momento e preservando a sua função de fonte de
sustento para toda a comunidade.
O princípio
fundamental da economia Germano-Cristã era o de que o bem-estar temporal duma
nação não se avalia pela sua riqueza total mas por um maior grau de distribuição
dessa riqueza, eliminando a característica essencial do capitalismo segundo a
qual enormes somas de dinheiro se acumulam nas mãos de uns poucos, enquanto os
restantes vegetam na pobreza, assoberbados de dívidas.
A partir de trechos de Barren Metal de E. Michael Jones
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