E, TODO O RACISMO SERÁ REVELADO...
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O racismo dos nacionais socialistas alemães é apenas uma, entre muitas outras formas de racismo, embora seja a mais óbvia, sincera e biológica e, por isso mesmo, a mais repulsiva.
Mas existem outras
formas de racismo – o racismo cultural (que defende existirem culturas
superiores e culturas inferiores), o civilizacional (que divide as pessoas em civilizadas e não civilizadas),
o tecnológico (que vê o desenvolvimento tecnológico como o critério principal
para determinar o valor duma sociedade), o social (que declara, na sequência da
doutrina protestante da predestinação, que os ricos são-no por serem melhores que
os pobres), o económico (para o qual a humanidade é classificada segundo o
respectivo grau de bem estar) e o evolucionista (para o qual é um axioma que
sociedade humana resulta do
desenvolvimento biológico, no qual os processos básicos da evolução das
espécies – sobrevivência dos mais aptos, selecção natural, etc. – continuam nos
nossos dias).
As sociedades ocidentais estão profundamente impregnadas por todos estes
tipos de racismo e foram incapazes de os erradicar apesar dos mais desesperados
esforços nesse sentido. Tendo plena consciência deste facto decidiram
transformar o racismo num tabu que, no entanto, deu origem a uma autêntica caça
às bruxas cujas vítimas se transformam nos novos párias, acusados de “fascismo” -
muitas vezes sem qualquer razão aparente.
Assim, o “politicamente correcto” e as suas normas, transformaram-se numa
disciplina totalitária destinada a excluir determinados cidadãos, por motivos
puramente racistas.
A esquerda liberal institucional e anti-racista, gradualmente foi-se assim transformando num verdadeiro centro de promoção do “ódio racial”.
Dieudonné M´bala M´bala, um comediante negro famoso, é um exemplo vivo, disso mesmo; tornou-se alvo duma campanha de difamação sem precedentes em França, por se ter atrevido a ridicularizar certos aspectos e rotinas das instituições contemporâneas francesas, nomeadamente do anti-racismo institucional (SOS-racismo, etc.). Por esse motivo, este comediante africano foi acusado de fascismo e de … racismo.
Os novos racismos são “trendy”, glamorosos, cosmopolitas e acompanham as últimas tendências das tecnologias de informação; as suas normas são estabelecidas por celebridades do cinema e da TV, por criadores de moda e modelos, por figuras partidárias e influencers – o tipo de gente que faz questão de estar sempre a par da última moda e de possuir somente os últimos modelos de smartphones e laptops. A conformidade, ou não, com o código por eles estabelecido, determinará, ou não, a segregação social e o apartaide cultural dos infractores.
A nova geração de racistas… é inovadora, tecnológica, pró-activa, empreendedora e “inclusiva”.
A própria ideologia do progresso, na sua estrutura, é racista. A presunção de que o presente é sempre melhor do que o passado e as constantes promessas de que o futuro será ainda melhor que o presente, são discriminatórias do passado e do presente e uma humilhação de todos os que viveram antes de nós; um insulto à honra e à dignidade dos nossos pais e antepassados e uma violação dos direitos dos mortos. Em muitas culturas os mortos têm um importante papel sociológico; considera-se que, em certo sentido, ainda estão vivos, presentes neste mundo e participando da sua vida. Foi assim em todas as civilizações anteriores à moderna. Biliões de habitantes desta terra acreditaram neste conceito até aos nossos dias. A ideologia do progresso representa, um genocídio moral das gerações passadas – ou, por outras palavras, um verdadeiro racismo.
Igualmente questionável é a ideia de modernização, quando considerada uma virtude auto-evidente. É fácil encontrar nela óbvios sinais de racismo.
Racista, é também, sem dúvida, a Globalização unipolar, pois baseia-se na
ideia de que os valores ocidentais actuais, especialmente os da sociedade
americana, são equivalentes a leis universais, tendo a pretensão de construir
artificialmente uma sociedade global baseada em valores que são apenas locais
e especificamente ligados a um dado período histórico – a democracia, o mercado,
o parlamentarismo, o capitalismo, o individualismo, os direitos humanos e o desenvolvimento
tecnológico ilimitado. Tratam-se de meros valores locais, resultantes do
desenvolvimento particular duma cultura específica; mas a globalização pretende
impô-los a toda a humanidade como se algo de universal e inquestionável se
tratasse. Tal intento, implicitamente, está a afirmar que os valores de todos
os outros povos e culturas, presentes ou passados, são imperfeitos e subdesenvolvidos
e devem, como tal, ser sujeitos a um processo de modernização e uniformização para que se
conformem ao modelo ocidental.
A globalização nada mais é que a imposição, a todo o mundo, do modelo ocidental actual; ou
melhor, a imposição do etnocentrismo Anglo-Saxão, o qual representa a mais refinada
manifestação da ideologia racista.
Uma das características fundamentais da Quarta Teoria Política (the
Fourth Political Theory) é a rejeição de toda e qualquer forma ou variedade de
racismo. Este é um axioma central desta Teoria.
Sendo, portanto, anti racista, tanto se opõe ao racismo biológico do
Nacional-Socialismo (Terceira Teoria Política), como ao racismo de classe do
Comunismo (Segunda Teoria Política) , como ao racismo, económico, tecnológico e
progressista do Liberalismo (Primeira Teoria Política).
Em vez de um mundo unipolar, a Quarta Teoria Política, insiste num mundo
multipolar e, em vez do universalismo, no pluriversalismo.
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Alexander Dugin, The FourTh
Political Theory, 2012
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