Se agradasse ainda aos homens não seria servo de Cristo. (Galatas, 1-13).
O mundo moderno, em alguns aspectos, não é mau, é, até,
excessivamente bom. É um mundo cheio de virtudes desenfreadas, de virtudes
desperdiçadas. Quando um sistema religioso é abalado, os vícios ficam sem
governo, perdem o norte e provocam danos. Mas as virtudes também ficam sem
governo, perdem ainda mais o norte e provocam danos ainda mais terríveis. O
mundo moderno está cheio de virtudes cristãs clássicas que enlouqueceram. E, as
virtudes enlouqueceram porque se tornaram independentes umas das outras e
vagueiam isoladas.
Por exemplo, há indivíduos que atacam a Doutrina Cristã,
porque estão perdidos de amor por uma das virtudes cristãs: a misericórdia. Defendem a peculiar tese –
que pretendem ter ido buscar aos primeiros cristãos - de que a maneira mais
fácil de perdoar os pecados é afirmar que não há pecados a perdoar. Estes
senhores, não são apenas os verdadeiros “primeiros cristãos”, são também os
únicos, de entre os primeiros cristãos, que deviam ter sido comidos
pelos leões. Porque, no caso deles, a acusação dos pagãos é correcta: a
clemência destes homens conduziria à pura anarquia. Eles são efectivamente
inimigos da raça humana – precisamente por serem demasiado humanos.
G.K. Chesterton, Orthodoxy.
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