“A visão que
o público tem da realidade do mundo depende do que lhe chega pelos Mídias.
Conforme a selecção das notícias, tal será o critério popular para distinguir o
real do ilusório, o provável do improvável, o verossímil do inverosímil.
Goethe foi
um dos primeiros a assinalar esse efeito predominante da ascensão dos Meios de
comunicação social modernos. Dizia ele: “Assim como em Roma, além dos romanos,
há uma outra população de estátuas, assim também existe, ao lado do mundo real,
um outro mundo feito de alucinações, quase mais poderoso, no qual vivem a
maioria das pessoas.”
Este efeito dá-se,
sobretudo quando, como hoje, a captura dos meios de comunicação por grupos
ideologicamente orientados, lhes permite impor a sua própria fantasia como a
única realidade publicamente admitida.
O controlo dos
Mídias por um dado grupo leva inevitavelmente a opinião popular a viver num
mundo falso e a rejeitar como loucura qualquer informação que não combine com o
estreito padrão de verossimilhança aprovado pelos detentores do microfone.
Hoje todas
as agências informativas dos EUA ou da Europa, estão fundidas numa unidade
indissolúvel e exercem sobre a opinião pública uma tirania mental que só meia
dúzia de inconformados ousa desafiar.
Quando esse
estado de coisas dura por tempo suficiente, até mesmo aqueles que o criaram já
não se lembram de que se trata de um produto artificial: vivem no mundo
ficcional que criaram e adaptam para a sua dimensão todas as distinções entre
realidade e fantasia, tornadas por sua vez pura fantasia.”
Olavo de Carvalho
2002
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