«Já Eurípedes , em As Bacantes, tinha percebido o que aconteceria à Cidade se as mulheres fossem levadas a "deixar os seus teares" indo "dançar nuas para as montanhas".
Como Pentheus acabou por perceber no decorrer da peça, depois de Dionísio lhe chamar a atenção, os apetites lascivos nascidos da visão de semelhante espectáculo, estavam a influenciar o modo como ele próprio lidava com a questão, pondo em perigo a ordem social e o próprio fundamento do Estado.
O feminismo foi o modo que os mandarins, que orquestraram a revolução cultural dos anos 60, encontraram para fazerem as mulheres "abandonarem os seus teares" e "irem dançar nuas para as montanhas"; e hoje assistimos a uma guerra sem tréguas contra a natureza, através dos meios de comunicação social, da indústria do entretenimento e de todas as instituições do Estado moderno, para impedir que as mulheres voltem para os seus "teares", depois de se ter tornado evidente que a sua "libertação" báquica pouco mais lhes trouxe que esterilidade, crianças desmembradas ainda no ventre, lares destruídos, solidão e, para citar as palavras de Agave na referida tragédia grega, "horror, sofrimento e angústia".
Aqui, como em tudo o resto, a modernidade, não é mais que as verdades da antiguidade viradas do avesso. O que Eurípedes entendia como um aviso, os pensadores modernos como Nietzsche e Reich (que cunhou a expressão Revolução Sexual), entenderam como um incentivo.
Enquanto Eurípedes alertava para o perigo duma "libertação báquica", Reich explicava como o vício sexual podia ser usado para fins políticos e de controlo social; “controlo” em sentido bem lato, uma vez que o resultado destas formas de “libertação” se traduz numa sociedade sexualmente desestabilizada, onde a maioria da população acaba por sucumbir à exploração económica das suas paixões, tornando-se escrava sexual e económica do poder.
Como a tradição clássica salienta, as paixões obscurecem o intelecto e só o predomínio da Razão e da Moral (entendendo-se por Moral, o modo de orientar a vida segundo a Razão em ordem ao Bem) pode dar estabilidade a uma sociedade.
Quem mina a ordem moral, mina a razão, criando o caos social e abrindo o caminho à "necessidade" de controlo da sociedade pelo estado.
Quanto mais pessoas, as elites iluministas modernas, conseguirem fazer trocar uma vida orientada pela razão, por uma vida desorientada pelas paixões, mais o caos social se agravará e maior número de pessoas, os “governantes invisíveis” de que falava Edward Bernays (sobrinho de Freud), conseguirão controlar através da ciência iluminista da propaganda - ciência criada, precisamente, com o fim de, excitar, manipular e tirar proveito económico e político dessas mesmas paixões.
Por isso, Aldous Huxley confessava que “ a liberdade política e económica diminui na razão inversa das liberdades sexuais.”
Eurípedes entendeu, há 2500 anos, que quem controla o comportamento sexual da população, controla o Estado.
E, este, é hoje o principal postulado da Política moderna.
Quem o perceber, entende porque a pornografia, a "educação" sexual, a contracepção e o aborto financiados pelo Estado, são assuntos não negociáveis nas democracias liberais modernas, tanto para esquerda como para a direita:
Sem eles, os "governantes invisíveis" perderiam todo o seu poder.»
Libido Dominandi, de E. Michael, Jones
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