A TERCEIRA GUERRA MUNDIAL PARA TOTÓS
Há décadas que o Ocidente (os EUA, a UE e mais uns quantos Estados vassalos) vem exercendo uma cada vez maior pressão sobre o resto do mundo. Não só sobre os países não ocidentais, mas
também sobre os países ocidentais que de algum modo se desviaram dos ditames das elites financeiras que o dominam. Esta pressão tem sido amplamente discutida e atribuída
a todo o tipo de motivos, incluindo ao neocolonialismo, à hegemonia financeira
forçada, etc. Mas, o interessante, sobretudo nos últimos 20 anos, é saber
quais os países que têm sido pressionados e o que têm em comum.
Isso não é fácil, uma vez que esses países são extremamente diferentes uns dos outros na maioria dos aspectos. Dentro desse grupo há democracias e não-democracias, regimes conservadores e regimes comunistas, países cristãos, muçulmanos e budistas, etc. No entanto, muitos deles são claramente aliados uns dos outros. É preciso perceber por que razão países conservadores e religiosos como a Rússia ou o Irão se aliariam aos comunistas ateus de Cuba e da Venezuela.
O que todos estes países têm em comum é o facto de
quererem ser eles próprios a gerir os seus próprios assuntos; ou seja, de quererem ser países independentes. Ora, isso é imperdoável aos olhos das elites ocidentais e deve ser combatido por todos os
meios necessários, incluindo as sanções económicas, revoluções coloridas ou agressões militares puras e simples.
O Ocidente e o seu braço militar da NATO cercaram
a Rússia de países hostis, bases militares e mísseis; armaram e manipularam a Ucrânia
para ser usada como um martelo contra ela e aplicaram-lhe sanções e ameaças. O
mesmo aconteceu e está a acontecer na Ásia, onde a China está a ser cercada com todos os meios disponíveis. O mesmo se aplica, em certa medida, a todos os
países independentes acima referidos. Nos últimos dez anos, mais ou menos, a
pressão sobre estes países aumentou enormemente tendo atingido um nível
quase febril no ano anterior à operação russa na Ucrânia.
Durante o ano que antecedeu a guerra na Ucrânia,
os EUA enviaram os seus diplomatas por todo o mundo para aumentar essa pressão.
Pareciam um circo itinerante ou uma banda de rock em digressão, mas, em vez de
entretenimento, faziam ameaças: comprem-nos isto e façam o que vos dissermos
ou sofrerão as consequências. A urgência era absoluta e palpável, mas depois veio a
guerra da Ucrânia e a pressão disparou. Durante o primeiro mês da
guerra, a totalidade do corpo diplomático do Ocidente esteve freneticamente empenhado a
fazer ameaças contra o "resto do mundo" a fim de conseguir isolar a Rússia. Só que,... não resultou; e este facto provocou o pânico total nos
círculos políticos e diplomáticos dos EUA e da Europa.
Durante as últimas décadas, a economia dos EUA e
da Europa tem sido falsificada a um nível difícil de acreditar. Nós, no
Ocidente, há muito que vivemos muito acima das nossas possibilidades e as nossas moedas
têm sido massivamente sobrevalorizadas. Conseguimos fazê-lo através de dois
mecanismos:
pfinanceiro para o Ocidente e permitindo-lhe funcionar, em proveito próprio, como um literal parasita da economia mundial. Por outras palavras, temos estado a receber muitos bens de graça, para dizer o mínimo.
O que mantém o nível de vida do Ocidente actualmente é a actividade de uma pequena minoria de pessoas produtivas, o aumento constante da dívida e o parasitismo sobre o resto do mundo.
Os donos dessa imensa dívida dívida são, na verdade, donos de tudo o que pensamos possuir. Nós, no Ocidente, neste momento, já não possuímos nada - apenas pensamos que possuímos.
Mas, então, quem são os nossos verdadeiros donos? É fácil saber quem são, porque não só não fazem segredo como se reúnem todos os anos no Fórum Económico Mundial, em Davos, juntamente com as elites políticas ocidentais, de quem também são os donos.
Mas, é cada vez mais evidente que os nossos donos estão a
ficar muito preocupados; e as suas preocupações têm vindo a aumentar simultaneamente com a pressão exercida pelo Ocidente sobre o resto do
mundo, em particular sobre os tais países Independentes. Durante a última reunião de Davos,
o ambiente era sombrio e o pânico andava no ar; muito semelhante ao pânico
que sentiram quando a tentativa de isolar a Rússia
falhou.
Todo o Ocidente está prestes a entrar em bancarrota e o nosso nível de vida está à beira de descer drasticamente. E, é isto que está a deixar os nossos donos em pânico. Para se salvarem eles só vêem duas opções:
1. ou a grande maioria dos países do Ocidente, e tudo e todos dentro
deles, declaram falência e eliminam a dívida por diktat - o que os Estados
soberanos podem fazer. Mas, esta opção implicaria eliminar toda a riqueza e o poder
político dos "donos disto tudo".
2. ou, os nossos donos tomam posse dos bens que serviam para garantir a dívida; só que, a garantia somos nós, os nossos países e tudo que possuíamos.
Não é preciso ser um génio para adivinhar qual a opção adoptada. O plano para a implementar está pronto e em curso neste preciso momento. Chama-se "The Great Reset" (O Grande Reinício) e foi
elaborado por Klaus Schwab e companhia e, longe de ser secreto pode ser consultado, por qualquer um, no site do Fórum Económico Mundial.
1.
Abolição das soberanias: Um país soberano (independente) é um país
perigoso porque pode optar por não pagar a sua dívida. como tal a diminuição da soberania dos Estados nacionais tem sido uma prioridade para os nossos donos, tendo sido tentados vários esquemas, o mais bem sucedido dos quais é a própria
União Europeia.
2. A desaceleração da economia: A economia
ocidental deve abrandar drasticamente porque actualmente é em grande parte virtual; e vai ter de ser reduzida ao seu
nível real - que pode muito bem ser metade do que é agora, ou mais. Esta desaceleração vai ser lenta para evitar um crash súbito que causaria uma agitação social
maciça que poria em causa hegemonia dos nossos donos. Esta queda controlada já tem vindo a acontecer há bastante tempo. Podemos mencionar muitos
exemplos desta destruição, como por exemplo a política energética net zero da UE e dos EUA,
concebida para sabotar a economia ocidental, e as tentativas de
destruição da procura durante e após a "pandemia, com o surgimento do nada de problemas
logísticos bastante bizarros.
3. A recolha de activos (não possuirás nada e serás "feliz"): Todos os activos que possam ser considerados como garantias das dívida privadas e colectivas/públicas serão tomados. Este é um objectivo do Grande Reinício aberta e repetidamente declarado; só é menos claro como é que isto será levado a cabo. O controlo total dos governos ocidentais (e, na verdade, de todos os governos do mundo) parece ser necessário para atingir esse objectivo. Essa condição prévia está praticamente preenchida, porque a grande maioria dos governos ocidentais está afogada em dívidas impagáveis para com Davos. O processo, muito possivelmente, será apresentado como uma reestruturação social imprescindível, devido a uma crise económica, ao aquecimento global, a uma crise climática, a um pandemia e implicará uma diminuição maciça do nível de vida das pessoas comuns, embora não das elites.
Parte da razão para a pressão sobre os países independentes, em particular a Rússia e a China, é simplesmente o facto de terem resistido à hegemonia ocidental. Isso é suficiente para entrarem na lista dos países "mal comportados" que merecem ser castigados. Mas porquê o aumento da pressão nos últimos anos?
A razão é que a Rússia e a China não podem ser
subjugadas através duma sua falência e do saque posterior dos seus activos, como está a ser feito com os países ocidentais e do terceiro mundo. Esses dois países não têm muita
dívida em moedas ocidentais, o que significa que os plutocratas financeiros que possuem o
Ocidente através da dívida, não possuem a Rússia e a China e não podem
adquiri-las através da dívida. A única maneira de lhes deitar a mão é através da
mudança de regime. Os seus governos têm de ser enfraquecidos por todos os meios,
incluindo sanções económicas, revoluções coloridas ou simplesmente por meios militares, se for necessário - daí a
utilização da Ucrânia como aríete contra a Rússia e de Taiwan contra a China.
A razão do atual pânico das elites ocidentais
é que o projecto da Ucrânia não está a correr como planeado. Em vez de ser a
Rússia a esvair-se no campo de batalha, é a Ucrânia e o Ocidente que estão a
esvair-se. Em vez da economia russa entrar em colapso, levando à substituição de Putin por um líder compatível com Davos, é a economia do
Ocidente que está a entrar em colapso. Em vez de a Rússia estar isolada, é o
Ocidente que está a ficar cada vez mais isolado. Nada está a funcionar e, para
cúmulo, a Europa deu aos russos os meios e os motivos para destruírem a
economia europeia, encerrando parcialmente a sua indústria. Sem os recursos
russos, não há indústria europeia e, sem indústria, não há impostos para pagar
os subsídios de desemprego, as pensões, todos os refugiados e praticamente tudo
o resto que mantém as sociedades europeias a uncionar. Os russos têm agora a
capacidade de provocar um crash descontrolado na Europa, o que não é o que
Davos planeou. Um crash descontrolado pode fazer rolar cabeças em Davos,
literalmente, e isso está a causar medo e pânico nos círculos de elite. A única
solução para eles é avançar com a Terceira Guerra Mundial e esperar que resulte.
A necesidade de um Grande Reinício da economia mundial que salve as elites financeiras é a causa
directa da Terceira Guerra Mundial. O que é que se pode
fazer em relação a isto? Do interior do Ocidente, pouco se pode fazer. A única
maneira é, de alguma forma, retirar Davos da equação, mas é muito provável que
isso não aconteça por duas razões: A primeira é que os grandes reiniciadores de
Davos estão demasiado ligados à economia e à política ocidentais. Davos é como
um polvo com os seus braços e ventosas dentro dos círculos de elite, dos media
e do governo de cada país. Estão demasiado enraizados para serem facilmente
removidos. A segunda razão é o facto de a população ocidental ter sofrido uma
lavagem ao cérebro e ser demasiado ignorante. O nível de lavagem cerebral é tal
que uma grande parte deles quer mesmo tornar-se pobre - embora usem a palavra
"verde" em vez de "pobre" porque soa melhor. Há, no
entanto, alguns indícios de que poderá haver divisões no seio das elites
ocidentais. Algumas delas, particularmente nos EUA, podem estar a resistir ao
Grande Reinício concebido principalmente pela Europa - mas resta saber se esta
oposição é real ou efectiva.
1. Os
Independentes, liderados pela Rússia, China e Índia, devem criar um bloco para
se isolarem do Ocidente radioativo. Este isolamento não deve ser apenas
económico, mas também político e social. Os seus sistemas económicos devem ser
separados do Ocidente e tornados autónomos. As suas culturas e a sua história
devem ser defendidas contra as influências e o revisionismo ocidentais. Este
processo parece estar em curso.
3.
Devem abandonar todas as instituições internacionais, até às Nações
Unidas, inclusive, porque todos os organismos internacionais são controlados
pelo Ocidente. Devem então substituí-las por novas instituições dentro do seu
bloco.
4.
Devem, a dada altura, declarar o dólar e o euro como moedas non grata.
Isso significa que devem declarar o incumprimento de todas as dívidas nessas moedas, mas não de outras dívidas. É muito provável que isso
venha a acontecer numa fase posterior, mas é inevitável.
Gaius Baltar
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