"O argumento de The Populist Delusion é o de que as sociedades actuais são dirigidas por uma elite bem organizada (elite apenas no sentido de ser a classe dominante). A "elite" é sempre uma pequena minoria que consegue vencer o resto da população simplesmente por estar organizada. Cem pessoas organizadas podem manipular e até aterrorizar mil pessoas desorganizadas, dominá-las e eliminá-las, se preciso, uma a uma. Além disso, de há uns decénios para cá, a pertença à elite ocidental tem sido determinada pela frequência de umas poucas universidades caras e exclusivas, com qualificações e competências muito restritas, tornando essa elite mais uniforme e unida do que jamais foi em qualquer outra época da história.
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A maioria das pessoas não gosta da ideia de que possa estar a ser manipulada ou de que lhe estejam a dizer o que deve pensar.
 Ou, pelo menos, pensa que não gosta.
Pensar por si próprio significa arriscar-se. E, Deus nos livre, de responsabilidades morais pessoais. Digam-nos quais são as regras. Digam-nos o que é suposto "todas as pessoas virtuosas" dizerem e acreditarem. E, sobretudo, não tornem as coisas demasiado difíceis. 
Os jornalistas e os académicos, então, são o exemplo típico de classes que nunca se arriscam a dizer seja o que for, sem se certificarem primeiro de qual é o "consenso actual", como bem realçou Nassim Taleb; pois sabem que, só escrevendo ou dizendo aquilo que toda a gente escreve e diz, ficaram a salvo de problemas? 
Ser a encarnação do Das Man de Heidegger, é  sempre mais seguro, fácil e confortável. 
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Os liberais gostam de acreditar que a educação universitária ensina as pessoas a ter "pensamento crítico". Não ensina. Para além das "competências" técnicas, ensina-as apenas a serem mais conformistas e subservientes em relação à política igualitária e identitária do dia e a temer as consequências nefastas que certamente lhes advirão se se atreverem a sair da linha. 
Burnham observa que a alfabetização em massa longe de ter criado pensadores independentes; criou, isso sim, uma população mais apta a ser facilmente manipulada pela propaganda." 
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Acontece que, com a criação das redes sociais, pela primeira vez, as pessoas comuns puderam  tomar consciência das manipulações em grande escala a que têm sido sujeitas pela classe dominante desde o advento dos meios de comunicação social de massa. 
Mas, as elites precisam, até certo ponto, que as populações continuem a aderir às suas mensagens e programas; e, como, uma vez alertada, a maioria está, aos poucos, a deixar de o fazer a bem, elas estão, aos poucos, a ver-se obrigadas a voltar a recorrer, cada vez mais, à censura e à repressão autoritária."

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