“No meu estudo das sociedades comunistas, cheguei à conclusão de que o
propósito da propaganda oficial não era persuadir, nem convencer,
nem informar, mas humilhar; e, para isso, quanto menos
correspondesse à realidade, melhor. Quando as pessoas são forçadas a
ficar em silêncio enquanto ouvem as mais óbvias mentiras, ou, pior ainda,
quando elas próprias são forçadas a repetir essas mentiras, perdem de uma
vez para sempre todo o seu senso de probidade. Uma sociedade de
mentirosos castrados é mais fácil de controlar.” (Theodore Dalrymple)


PORQUE RAZÃO AS PESSOAS CONTINUAM A ALINHAR COM A RIDÍCULA PROPAGANDA OFICIAL? 

O cidadão médio das democracias liberais do ocidente vive mergulhado num esquema verdadeiramente magistral de manipulação coordenada - por parte dos meios de comunicação social, do ensino obrigatório, da indústria do entretenimento, etc. - que faz Goebbels parecer um amador. Tal facto pode não ser de imediato evidente, dada a natureza risível da maior parte do lixo informativo com que somos permanentemente bombardeados, mas quando se compreende o verdadeiro objectivo da propaganda oficial, tudo começa a fazer mais sentido.

 Entre os equívocos mais comuns acerca da forma como a propaganda oficial funciona está a noção de que o seu objectivo é enganar o público para que acredite em coisas que não são verdade, (v.g. que, Trump é um louco/agente russo, ou que Saddam tinha armas de destruição maciça, ou que os terroristas nos odeiam pela nossa incomparável liberdade, ou que a ”pandemia” Covid foi mais mortal do que uma gripe normal, ou que as alterações climáticas são causadas pelo CO2 produzido pela actividade humana, ou que a Rússia invadiu a Ucrânia sem qualquer provocação do Ocidente, ou que uma relação da qual depende a sobrevivência da espécie tem a mesma dignidade que uma relação que apenas se baseia nas preferências para-sexuais mais ou menos prazerosas dos envolvidos, ou que um ser humano pode mudar de sexo submetendo-se a procedimentos cirúrgicos e medicamentosos, etc.).

 No entanto, embora os propagandistas oficiais fiquem naturalmente bastante contentes se algum idiota acreditar  nas suas mentiras, enganar não é o seu objectivo principal.

 O objectivo primeiro da propaganda oficial é gerar uma "narrativa oficial" que possa ser repetida, sem recurso ao pensamento, pelas classes dominantes e por todos aqueles que as apoiam e que com elas se identificam. Esta narrativa oficial não tem de fazer sentido, nem de ser resistente a qualquer tipo de escrutínio sério. A sua factualidade não é a questão. O objectivo é traçar uma fronteira ideológica, entre "a verdade", tal como definida pelas classes dominantes, e a Realidade que a contradiz.

 Imaginem esta fronteira como um muro circular rodeado por um território inóspito. Dentro do muro está a sociedade "normal", o emprego remunerado, a progressão na carreira e todos os outros consideráveis benefícios de se estar disposto a cooperar com as classes dominantes. Do lado de fora do muro está a pobreza, a ansiedade, a estigmatização social e profissional e várias outras formas de sofrimento. De que lado do muro o leitor vai querer estar? É que, todos os dias, de inúmeras maneiras, cada um de nós é questionado e tem de responder a esta pergunta. Se estiver disposto a conformar-se, há um lugar ao sol para si do lado de dentro. Se se recusar, … bem, boa sorte para si.

 Em sociedades abertamente totalitárias, os riscos envolvidos nesta escolha (conformar-se ou discordar) são muitas vezes de vida ou de morte. Nas nossas sociedades ocidentais liberais, as consequências de não se conformar com a narrativa oficial são normalmente mais subtis (se bem que essa fronteira se tornou bastante fluída no caso das "vacinas" Covid). No Entanto, a pressão é intensa. Conformar-se com a "realidade" consensual gerada pelas narrativas oficiais é o preço da admissão ao “El Dorado”, onde estão os empregos, o dinheiro, o prestígio profissional e as outras recompensas do capitalismo.

 A conformidade não exige crença. Exige, apenas lealdade e obediência mecânica. O que cada um, de facto, acredita a nível particular é completamente irrelevante, desde que repita em público a narrativa oficial.

 Em suma, a propaganda oficial não se destina a enganar o público. Foi concebida, sim, para ser absorvida e repetida, por mais implausível ou absurda que seja. E, na verdade, é até muito mais eficaz quando, aqueles que são forçados a repeti-la roboticamente, estão conscientes (ainda que subconscientemente) de que ela é um completo disparate pois, a humilhação de ter de o fazer, acaba por - o Síndroma de Estocolmo explica - cimentar ainda mais a sua lealdade às classes dominantes. 

Comentários

Mensagens populares deste blogue