PROGRAMA ERASMUS 


O programa Erasmus (European Region Action Scheme for the Mobility of University Students), inaugurado em 1987, é, um projecto de re-educação e formatização de mentes e corpos, que impõe às gerações mais jovens uma mobilidade internacional constante, uma expatriação permanente, uma alegre deambulação, uma postura cosmopolita e uma desorientação generalizada, ou seja, uma ausência de raízes territoriais, históricas e culturais, erigindo-os em novos valores de referência.

Esta formatização das mentes inocula nos jovens um imaginário liberal-libertário, educando os "meninos Bocconi" para a nova ordem moral politicamente correcta, instilando-lhes o abandono das suas raízes nacionais, num ambiente de diversão contínua e sem fronteiras (em relação à qual o estudo desempenha um papel vastamente secundário).

O Programa Erasmo nada mais é, pois, do que a face trendy e cativante da deslocalização permanente e da expatriação forçada a que o Capital condena os povos do planeta.

A mercadoria-humana da civilização Erasmus circula omnidireccionalmente, em nome do mercado livre, pelas terras desoladas dum mundo  reduzido à condição de mercado único sem fronteiras.

Entretanto, os think tanks neoliberais, as escolas de gestão com uso exclusivo da língua inglesa e os campus universitário em geral, foram transformados em meros postos avançados do pensamento único, trabalhando em estreita ligação com as principais instituições supranacionais do sistema financeiro (da Bocconi de Milão à London School) - meros espaços de formação neo-liberal, reduzidos a projectos de manipulação cognitiva destinada a programar a forma mentis globalista dos jovens da geração Erasmus.

Todas estas instituições  (des)educam a geração erasmus para lutar ferozmente contra os símbolos de sua própria tradição, contra a sua histórica e contra a sua cultura e para aderirem com cega euforia aos ícones da civilização do mercado e aos estilos de vida "não-conformistas" impostos pelo conformismo do consumismo.

Postos avançados da pós-modernização das consciências, os campus universitários ocidentais propagam o liberalismo como ideologia única - culturalmente de esquerda e economicamente de direita.

Sub-repticiamente chamam "formação" à produção em massa de "zelotas", que desprezando com horror  o discurso racional, (como, tão bem, foi descrito por Platão), apenas estão aptos a repetir fanaticamente as palavras de ordem do discurso dominante.

Assim como o protagonista dos Tempos Modernos de Chaplin não tinha liberdade para se libertar dos movimentos automatizados de produção, o cidadão projetacdo pela Nova Ordem Mundial não consegue libertar-se dos automatismos do pensamento único politicamente correcto.

O circo mediático, o clero jornalístico e os pseudo intelectuais de serviço estão há muito, na sua totalidade, infectados com o "papagaismo neoliberal". De facto, foi montado todo um bloco ideológico ou, se preferirmos usar o vocabulário de Gramsci, toda uma "casta intelectual", para sustentar a ordem neoliberal hegemónica,

Para a “casta intelectual”, raivosamente democratofóbica, as classes nacionalistas-populistas não têm existência real, excepto como fonte permanente de problemas quando, por exemplo, resolvem exigir aumentos salariais ou mais direitos sociais, levantar objecções à globalização neoliberal ou, quando de tempos a tempos, se manifestam de forma inoportuna, através do voto,  contrariando aquilo que as elites plutocráticas já tinham soberanamente decidido nos seus Conselhos de Administração.

Quando tal acontece, isto é, quando as massas nacionalistas-populistas se atrevem a abandonar sua passividade ou, em raras ocasiões, a sairem à rua, para exigir outras coisas além das que são permitidas (exclusivamente aquelas que coincidem com os direitos arco-íris e da liberalização consumista), a casta intelectual é "activada" e "atiçada" pelos respectivos donos para virem a público re-ensinar as massas, re-educando-as e fazendo-as sentirem-se culpadas pelo seu populismo doentio, pelo seu nacionalismo vulgar e pela sua deplorável tendência para as teorias da conspiração; numa palavra, para as fazer realinharem-se com o pensamento único politicamente correcto e eticamente corrupto, e assim compreenderem melhor a inevitabilidade da sua submissão e exploração.

 

E toda esta lenga lenga é papagueada ad nauseam pelo clero académico secular, pelo establishment jornalístico, pelo circo midiático, por actrizes espevitadas, por ONGS sem fins lucrativos e por comentadores incapazes de conceberem outros comentários além dos que lhes são fornecidos pelo Sistema; tudo isto complementado a nível internacional por um intervencionismo humanitário, por  bombardeamentos éticos contra os povos e governos que tiverem o descaramento de ainda não se terem convertido.

Animada pelo anarquismo pós-moderno do desejo ilimitado e do capricho desmedido, a geração Erasmus revê-se no homo novus cidadão do mundo (isto é, despojado de qualquer cidadania), que em todo o lado está em casa (isto é, privado de qualquer residência fixa), adaptando-se a qualquer lugar (isto é, desprovido de quaisquer raízes), dotado de uma mente aberta (isto é, desprovido da sua própria identidade cultural e, por conseguinte, "aberto" a todas aquelas que o sistema consumista lhe quiser impor).

 

Na “Política” de Aristóteles aprendemos, entre outras coisas, que  escravo é aquele que não tem laços nem uma posição fixa, podendo ser utilizado em qualquer lugar e de qualquer maneira. O homem livre, pelo contrário, é - aristotelicamente - aquele que mantém muitos laços e sustenta múltiplas obrigações para com os outros, para com a polis e para com o lugar onde vive.

 

A liberdade não se constrói como uma espécie de autonomia do átomo errático, veloz, mas sem enraizamento territorial. Esta “liberdade” merece antes o nome de escravatura, mesmo que as cadeias que a estabelecem sejam invisíveis. A liberdade constrói-se  através de laços com lugares e com pessoas, e existe sempre como um nexo relacional, não como uma propriedade isolada.

 

Da lição aristotélica emerge a falsidade do actual discurso cosmopolita, que celebra como atributos do homem livre esta deambulação, este desenraizamento, esta ausência de laços que, na realidade, são as características mais marcantes da escravidão.

The Erasmus Generation: Exploited and Happy Young People – The Postil Magazine

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