Todos os homens são iguais perante Deus?

 

Apesar das incessantes referências à igualdade por parte de muitos católicos, leigos e prelados, o facto é que esta não é, nem nunca foi, uma virtude cristã; pelo contrário trata-se de um vício, tanto nos objectivos como nos efeitos.

Dizem-nos constantemente, como se de um axioma se tratasse, que “todos os homens são iguais perante Deus” dando por adquirido que tal asserção teria origem na Bíblia.

Na verdade, tal frase não provém da Bíblia e, pelo contrário, o seu conteúdo contradiz frontalmente as Sagradas Escrituras,  tanto no seu espírito, como nos seus ensinamentos específicos.

Em vão se procurará qualquer defesa, ou até qualquer referência, à igualdade tanto no Novo como no Antigo Testamento.

Pelo contrário, o próprio Cristo afirma que “Pois, quanto aos pobres, sempre os tereis entre vós” – S. João, 12:8; S. Mateus, 26:11; S. Marcos 14:7, significando que sempre existirão desigualdades económicas. 

E, S. Paulo exorta: “Servos, obedecei aos vossos amos segundo a carne – Efésios, 6:5; Colossenses, 3:22; Tito, 2:9.

 E, S. Pedro, dizendo exactamente o mesmo, “Escravos, sujeitai-vos aos vossos senhores com todo o respeito, não apenas aos bons e sensatos, mas também aos perversos” - 1Pedro, 2:18,  significando que, diferenças sociais e hierárquicas sempre existirão.

 Já para não falar, a nível espiritual, na predestinação dos eleitos.

O mantra da - “igualdade perante Deus”-  teve presumivelmente origem, numa perversão da Declaração de Independência dos EUA onde aparece, sim, a expressão “criados iguais”; mas, seja como for, que se saiba, a Declaração de Independência, não é um documento cristão.

A defesa explicita do iníquo principio da igualdade só surgiu muito recentemente na história da humanidade com a revolução francesa; só nos últimos duzentos anos se começou a encarar a igualdade como um objectivo a alcançar (e alcançável)  e a avaliar todos os assuntos humanos em termos de igualdade.

Mas, bastaria olhar, por um momento, a ordem da natureza - para não falar da ordem espiritual - para constatar que a igualdade não existe em lado nenhum, nem é alcançável. Em boa verdade, se a igualdade fosse um princípio universal, nem a Criação teria ocorrido; não teria havido a separação inicial que, a partir do caos amorfo, deu origem ao universo.

A Criação teve origem numa diferenciação, numa ruptura, numa separação entre o céu e a terra, entre a luz e as trevas, entre o bem e o mal - isto é, no surgimento de desigualdades.

A desigualdade e a hierarquia estão, portanto, na própria génese da Criação e da Ordem do universo.

A obsessão moderna com a igualdade, e a assumpção de que é sempre inevitavelmente boa, consubstancia assim um erro metafísico ináudito; na sua génese está uma revolta contra a ordem estabelecida por Deus, com a satânica intenção de fazer recuar a Criação ao caos inicial. É a tentativa de subverter a ordem cósmica, necessariamente baseada na hierarquia; é a promoção da rebelião e do ressentimento disfarçados e justificados sob o pretexto sentimental duma falsa compaixão.

Já, Platão em A República prevenia contra o Princípio da Igualdade, que considerava ser inerentemente destruidor de toda a ordem, moralidade e racionalidade, tendo como sequela a tirania.

Além de ter causado centenas de milhões de mortos em tempos de paz nos países socialistas e dezenas de milhões de vítimas durante as chamadas “descolonizações” (só as guerras provocadas pela descolonização portuguesa causaram 1,5 milhões de mortos em Angola e Moçambique), o princípio da igualdade tem sido o motor de intermináveis conflitos artificiais entre classes sociais, raças, sexos e culturas.

Mas, ele contribuiu sobre tudo para a destruição da célula base de qualquer sociedade livre – a família -  minando a natural relação entre o homem e a mulher.

A diferença entre o homem e a mulher, o  masculino e o feminino, o macho e fêmea, é uma das principais graças com que Deus adornou a Criação; essa diferença, inspirou paixões românticas e eróticas e impulsionou  as mais altas aspirações humanas, a arte e a civilização.

 Da paixão romântica do homem pela mulher - e vice-versa -, do amor paternal dos pais pelos filhos, e da devoção dos filhos pelos pais, nasce a civilização.

 O matrimónio, dando azo, primeiro, às relações de lealdade familiares e, depois, às de clã, de tribo e de nação, consubstancia a base primeira de qualquer sociedade humana.

O cerne da família é o casamento e o cerne do casamento é a diferença entre o  homem e a mulher.

O homem e a mulher devem ser complementares (devem complementar-se), ergo devem ser diferentes;  se assim não for, o amor será apenas amor-próprio e  eros não passará de masturbação estéril e doentia.

 Acabar com os laços de amor, com a possibilidade de romance,  com o casamento e com a família, é transformar, até a mais nobre alma, numa alma escravizada.

Homens e mulheres isolados e sem amor, são fáceis de subjugar.

Por isso, a modernidade, não tolera a mais vaga referência, às – óbvias e naturais - diferenças entre macho e fêmea; daí a sua obsessão com a imposição da “igualdade de sexos”.

A  modernidade quer que os homens e as mulheres se tornem amibas assexuadas - nem homens, nem mulheres, nem adultos nem crianças, nem pais nem filhos, todos misturados, pela dissolução dos caracteres, na sopa entrópica da “cidadania”.

 Mas, surpreendentemente, o principio da igualdade tem subjazido  a todas as declarações, documentos e reformas efectuados pela Igreja nos últimos 60 anos.

Hoje, para a maioria dos católicos o princípio da igualdade é uma verdade milenar absoluta;  de alguma forma conseguiu-se fazer passar algo de tão intrinsecamente mau e perverso, como algo de bom desejável, misturando-se ardilosamente o discurso igualitário com doutrinas genuinamente cristãs.

Ora, está escrito que, esta será precisamente a forma de actuação do Anticristo.


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