A inversão moral do Politicamente Correcto como consequência do ateísmo – uma citação de Dostoiévski.

 

“Há apenas cinco dias, Ivan Karamazov declarou solenemente durante uma discussão que não havia absolutamente nada no mundo inteiro que fizesse os homens amarem os seus semelhantes, que não havia nenhuma lei na natureza que obrigasse o homem a amar o resto da humanidade e que, se o amor existia na Terra, não era por causa de nenhuma lei natural, mas apenas porque os homens acreditavam na imortalidade.

Acrescentou, entre parêntesis, que toda a lei natural consistia nessa crença e que, se destruíssemos a crença na imortalidade, não só o amor, mas toda a força vital de que dependia a continuação de toda a vida no mundo, desapareceria imediatamente.

Além disso, apartir daí, passaria a não haver nada de imoral e tudo seria permitido, até o canibalismo.

Mas, não é tudo: para cada indivíduo que não acreditasse em Deus e na imortalidade própria, as leis morais deveriam ser imediatamente transformadas no exacto oposto das antigas leis religiosas, e o interesse próprio, mesmo que conduzisse ao crime, deveria não só ser permitido, mas até reconhecido como o motivo necessário, o mais racional e practicamente o mais honroso para um homem nessa posição. ”

Os Irmãos Karamazov, Fyodor Dostoyevsky

Comentário:

Em 1870, deve ter parecido uma “conversa de malucos” alguém sugerir que a inversão moral (“as leis morais devem ser imediatamente transformadas no exacto oposto das antigas leis religiosas”) seria dominante e coercivamente imposta em todo o Ocidente – no entanto, é precisamente isso que estamos a viver.

Bruce Charlton,2/1/20211

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