Ao contrário de todos os outros mestres do mundo,
Cristo não se adapta à categoria de “homem bom”. Um homem bom não mente. Mas,
se Cristo não fosse o que disse que era, a saber, o Filho de Deus Vivo, o Verbo
de Deus feito carne, então não seria um “homem bom”, mas antes um velhaco, um
mentiroso, um charlatão e o maior impostor de todos os tempos. Se não fosse o
que disse que era, o Cristo, o filho de Deus, seria o anti-Cristo! Se fosse
apenas homem, não seria sequer um homem “bom”.
Mas Ele não é apenas homem. Obriga-nos a adorá-lo
ou a desprezá-lo: desprezá-lo como simples homem, ou adorá-lo como verdadeiro
Deus e verdadeiro homem. Não existe outra alternativa. Por isso, é bem possível
que os comunistas, acérrimos anti-cristãos, estejam mais perto dEle do que
aqueles que o consideram um sentimentalista, um vago reformador ético. Os
comunistas chegaram ao menos à conclusão de que se Ele vencer, eles têm de
perder; os outros nem querem encarar as exigências morais que tal vitória
implicaria para as suas almas.
Se Ele é o que pretende ser, isto é, Salvador e
redentor, então temos um Cristo viril, um chefe a quem vale a pena seguir
nestes tempos terríveis; temos alguém que caminhará para o vórtice da morte
esmagando o pecado, o desespero, a dor; um chefe ao qual podemos fazer
sacrifícios totais sem nada perder, antes assegurando a liberdade; ao qual
podemos amar até à morte.
Temos necessidade hoje em dia de um Cristo que
faça azorragues para expulsar os compradores e vendilhões dos nossos templos;
que faça secar as figueiras estéreis; que fale de cruzes e sacrifícios, que não
nos permita fazer uma escolha das suas palavras, para pormos de parte as mais
custosas e aceitarmos apenas as que nos agradam. Temos necessidade dum Cristo
que nos restaure a indignação moral, que nos faça odiar apaixonadamente o mal e
amar apaixonadamente o bem.
Fulton Sheen, Vida de Cristo.
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