Nicolás Gómez Dávila; alguns aforismos:
Se não formos herdeiros duma tradição espiritual, a experiência da vida nada nos ensinará.
No homem inteligente, o único remédio para a ansiedade (inerente à condição humana) é a fé; nos tolos, é a “razão”, o “progresso”, o álcool, o trabalho.
Os homens dividem-se entre os que tornam a sua vida complicada para salvarem a alma e os que perdem a alma para tornar a vida fácil.
Uma sociedade irreligiosa não suporta a verdade sobra a condição humana. Prefere-lhe uma mentira, por mais idiota que seja.
O que preocupa o Cristo dos Evangelhos não é a condição económica dos pobres, mas a condição moral dos ricos.
O cristão moderno não pede a Deus que lhe perdoe os pecados; pede-Lhe que admita que não existem pecados.
Nada torna mais evidente a realidade do pecado do que o fedor das almas que negam a sua existência.
Segundo a moda de hodierna, ser-se cristão, é menos arrepender-se dos seus pecados, do que arrepender-se do cristianismo.
Subjectivismo é a garantia que o homem inventa para si próprio quando deixa de acreditar em Deus.
Onde o cristianismo desaparece, a ganância, a inveja e a luxúria inventam mil ideologias para se auto-justificarem.
Aquele que não procura a Deus na profundidade da sua alma, nela nada encontrará, se não imundice.
Hoje o indivíduo revolta-se contra a imutável natureza humana para não ter de emendar a sua corrigível natureza própria.
A Separação entre a Igreja e o Estado pode ser benéfica para a Igreja, mas é desastrosa para o Estado porque o entrega ao mais puro maquiavelismo.
A verdadeira religião é monástica, ascética, autoritária, hierárquica
Acredita em Deus, confia em Cristo, olha à tua volta com desconfiança.
No oceano da fé pescamos com uma rede de dúvidas.
O Homem é um problema sem solução humana.
A fé em Deus não resolve os problemas, mas torna-os risíveis. A serenidade do crente não é uma mera presunção de conhecimento, mas a plenitude da confiança.
O cristianismo não inventou a noção de pecado, mas a do perdão.
No fim, nada nem ninguém perdoa, a não ser Cristo.
No Céu existem hierarquias, no inferno igualdade.
Proclamar que o cristianismo "foi o berço do mundo moderno" é uma grave acusação ou, melhor, uma grave calúnia.
Os homens tendem a viver apenas no rés-do-chão das suas almas.
A importância que atribui ao homem, é o enigma do cristianismo.
O homem só é importante se um Deus tiver morrido por ele.
Só para Deus somos insubstituíveis.
Ser cristão é nunca estar só, apesar da solidão que nos rodeie.
Abordar a religião através da arte não é um capricho de esteta: a experiência estética tende espontaneamente para se expandir em ordem a um pressentimento da experiência religiosa. Duma experiência estética volta-se como se tivesse vislumbrado pegadas numinosas.
Depois de ter experimentado uma época em que a religião praticamente não existe, o cristianismo está a aprender a rescrever a história do paganismo com muito mais respeito.
Deus não morre mas , infelizmente para o homem, os deuses subordinados, como a modéstia, a honra, a dignidade, a decência, pereceram.
Se não se acredita em Deus a única alternativa honesta é o utilitarismo vulgar. O resto é rectórica.
Nicolás Gómez Dávila (Bogotá, 1913-1994)
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