A saga e a história teceram uma auréola de lendária formosura à volta da cabeça da jovem que está junto ao poço. Ao vê-la, agora na realidade, há motivo para nos admirarmos, embora a Lua a favoreça, contribuindo com o seu suave encanto para deslumbrar a nosso julgamento. De facto, ao longo das eras, o que não se disse, o que não se cantou em louvor do físico desta mulher! O menos que se disse foi que o seu semblante ofuscava o esplendor da Lua e do Sol. A lenda oriental não hesita em declarar que metade da beleza existente no mundo coubera a essa jovem e a outra metade fora repartida pelo resto do género humano. Um poeta persa de extraordinária autoridade vai ainda mais longe: pinta o quadro de uma única moeda de ouro, pesando para cima de seis onças, em que fora fundida toda a beleza da terra que tocava à “incomparável”. Afirmou-se por escrito literalmente que ela costumava cobrir com um véu a testa e o rosto, para que os corações se não derretessem no fogo dos desejos terrenos, despertados pela beleza que Deus lhe dera; e, também, que os que a viram sem véu, “mergulhados em bem-aventurada contemplação”, não a reconheceram.

José e os seus Irmãos, Thomas Man

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