BULIMIA

 

               A Bulimia Nervosa é uma desordem comum – endémica e “normal” na sociedade moderna; quem dela sofre devora enormes quantidades de alimentos, induzindo de seguida o vómito, com o objectivo de, embora satisfazendo um apetite voraz, conseguir evitar a nutrição.

               Ainda que, tal fenómeno,  possa, quiçá, ser compreensível num mundo onde os alimentos são muito abundantes e a obesidade é um problema maior que a fome, biologicamente a Bulimia Nervosa é uma perversão do apetite pois que separa o acto de comer da sua função última – a nutrição; no fundo, pretende-se satisfazer um apetite irrestrito e, no entanto, continuar elegante.

 

                A Bulimia Sexual é uma desordem comum – endémica e “normal” na sociedade moderna; quem dela sofre, torna-se compulsivamente promíscuo, usando porém a contracepção com o objectivo de, embora satisfazendo um apetite sexual voraz, conseguir evitar a reprodução.

              Ainda que, tal fenómeno, possa, quiçá, ser compreensível num mundo onde a estimulação sexual é omnipresente e o apetite sexual obsessivo, biologicamente a Bulimia Sexual é uma perversão do apetite pois que separa o acto sexual da sua função última – a reprodução; pretende-se satisfazer um apetite sexual irrestrito e, no entanto, continuar estéril.     

             Ser um bom gourmet mantendo-se elegante, ser irrestritamente promíscuo mantendo-se estéril; satisfazer e enaltecer os instintos básicos frustrando os seus fins últimos - eis o ideal moderno.

             A Bulimia Nervosa é, ao menos, geralmente vista como um infortúnio, se não mesmo como uma doença; mas, quanto ao sexo, considera-se normal e elogia-se a patologia.

               No entanto, a reprodução é uma necessidade biológica básica tão importante como a nutrição ou até mais, em termos de sobrevivência da espécie.

                  A sociedade actual tornou-se obtusamente cega e mantem-se em negação aguda quanto ao estado objectivamente patológico da sexualidade moderna; chegámos ao extremo de amar mais o patológico do que o saudável –  de amar mais a morte do que a vida.

              E,  isso é, propriamente, viver num mundo sem Deus.

 

BRUCE CHARLTON (Prof. de Psiquiatria)

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