Uma Alegoria sobre o Funcionamento da Banca Moderna


 Era uma vez uma bela pequena ilha no meio do oceano. Nela viviam apenas 10 ilhéus, todos com habilidades especificas. Eles trocavam bens entre si como forma de pagamento. Um dia, um banqueiro chegou à ilha e propôs um novo sistema de crédito, com papel-moeda fiduciário. Inicialmente, os ilhéus ficaram cépticos e queriam manter o seu sistema de troca. Mas o banqueiro acabou por convencê-los de que beneficiariam com esse sistema, e eles concordaram. Então, o banqueiro criou o Banco Central da Ilha, o único emissor de papel-moeda.

 Inicialmente, ele emprestou US$ 10 a cada um, de modo que a ilha como um todo tivesse uma oferta monetária de US$ 100 para dar início à nova economia. Mas a contrapartida era que ele cobrava a todos 10% de juros por esses 10 dólares, a serem pagos exactamente no mês seguinte ao banco. Os ilhéus pareciam bastante satisfeitos com o acordo e começaram a usar a nova moeda. No início, as pessoas fixavam os preços arbitrariamente em dólares para o que vendiam. Eventualmente, a oferta e a procura alteraram os preços dos bens para os preços de mercado óptimos. Os habitantes da ilha estavam felizes e gratos ao banqueiro por facilitar as suas vidas com papel-moeda. Tudo correu bem.

No primeiro dia do mês seguinte, os juros venceram. Alguns ilhéus ficaram com défice de dinheiro nesse dia, enquanto outros ficaram com excedente. O melhor cenário possível era que todos acabassem com exatamente a mesma quantia de dinheiro, 10 dólares, que lhes tinha sido dada inicialmente. Isso somava 100 dólares no total, mas eles deviam 110 dólares ao banqueiro. Os ilhéus foram até ao banqueiro perplexos. Um homem perguntou: «Sr. Banqueiro, como podemos pagar-lhe 110 dólares se, no conjunto, temos  apenas 100 dólares de capital?». O banqueiro sorriu e disse: «É fácil — peçam-me mais dinheiro emprestado!». Os ilhéus não sabiam o que dizer, então pediram mais dinheiro emprestado.

Com o tempo, a tribo outrora feliz que vivia na ilha imaculada viu-se assolada pelo desemprego, inflação, pobreza e conflitos. As pessoas tentavam de todas as formas enganar-se umas às outras para conseguir aquele dólar extra para pagar as suas dívidas e algumas até roubavam os seus vizinhos. Pela primeira vez, o crime apareceu na comunidade insular, outrora cooperativa.

Alguns dos ilhéus mais nostálgicos foram até o banqueiro, que fumava alegremente um charuto ao sol, e, para sua surpresa, viram como ele vivia em total esplendor enquanto todos eles passavam por dificuldades. Perguntaram ao banqueiro como ele ficou tão rico, mas ele mandou-os sair de sua propriedade.

Mais tempo passou e acabou-se por perceber que, embora alguns ilhéus, mais chico-espertos, tivessem beneficiado individualmente deste novo sistema, colectivamente, como comunidade, todos estavam a perder. A sua dívida «pública» continuava a aumentar e eles começaram a sentir-se enganados. Chegou a um ponto em que deviam coletivamente 1000 dólares ao banco, enquanto a sua economia tinha apenas 500 dólares. Isto forçou-os a começar a penhorar suas terras, propriedades e negócios como garantia ao banqueiro. A situação ficou tão grave que a dívida de juros individuais, como percentagem das despesas mensais, continuou aumentando implacavelmente até consumir mais de 50% do orçamento familiar. Os ilhéus e toda a sua economia faliram. Desesperados, eles procuraram o banqueiro. Para seu choque, descobriram onde todo o dinheiro que perderam em juros tinha ido parar. Ao cobrar juros, ele redistribuiu a riqueza dos ilhéus para si mesmo. Ele ficou tão rico que embarcou no seu novo enorme iate, construído com a ajuda de alguns ilhéus que precisavam desesperadamente de dólares. Cheio de dinheiro, mercadorias exóticas e os produtos mais frescos da ilha, o banqueiro partiu, deixando a ilha em total devastação, ansioso pelo seu próximo empreendimento.

 

É assim, meus amigos, que funciona a banca moderna.

 

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