O Ocidente Moderno e o Ódio
à Realidade
Sexo anal e sexo oral; excluída a masturbação, que
não exige parceiros, eis aí esgotado o rol dos contactos sexuais possíveis
numa relação gay. Que haverá nisto de tão excelso para que toda a crítica a essas
actividades seja proibida por lei?
Não posso entender porque é que esses actos devam
ser considerados mais dignos de protecção oficial do que a boa e velha relação
conjugal da qual todos nascemos, a ponto de a simples afirmação da
superioridade desta última ser condenada como uma abominação e um crime.
Afinal, não é possível fazer sexo oral ou anal sem
ter nascido, nem muito menos nascer mediante uma dessas práticas, ao passo que
o nascimento as antecede de muitos anos e é independente delas por completo.
Entre as diversas actividades sexuais, aquela da
qual deriva a continuidade da espécie humana tem manifesta prioridade sobre as
que se destinam somente a fins lúdicos ou deleitosos, por mais interessantes
que estas pareçam a seus aficcionados.
Tudo isso é bastante evidente; e, se a afirmação
do óbvio se tornou crime, é porque o ódio do movimento gay não se volta contra
injustiças e perseguições reais (infinitamente menores, em todo caso, do que
aquelas sofridas pelos cristãos, por exemplo), mas contra a razão, a lógica, o
bom senso e a civilização.
Culturalmente, a ideologia gay nasce de
correntes de pensamento que professam destruir a “tirania do Logos” e
instaurar, em vez da ordem racional, a pura vontade de poder.
Cada vez que um de seus porta-vozes, como uma nova
Rainha de Copas, ordena que todos se prosternem diante de exigências absurdas,
sabe que não está combatendo “a homofobia”, mas a estrutura da realidade ou, em
termos religiosos, o Verbo divino.
Só a opção
total pela irracionalidade explica que, sob a alegação de proteger uma
comunidade contra a mera opinião alheia, se busque submeter a novas
perseguições judiciais outras comunidades.
Já notaram que, de há uns anos para cá, a simples
opinião contrária ao casamento gay, ou à legalização do aborto, passou a ser
condenada sob o rótulo de “extremismo”, como se casamentos homossexuais ou
abortos por encomenda não fossem novidades chocantes e revolucionárias, mas sim
práticas consensuais milenares, firmemente ancoradas na história, na natureza
humana e no senso comum, às quais realmente só um louco extremista poderia
querer se opor?
Já notaram que o exibicionismo sexual em praça
pública, as ofensas brutais à fé religiosa e a invasão acintosa dos templos
passaram a ser aceites como meios normais de protesto democrático pela mesma mídia
e pelas mesmas autoridades que, diante da mais pacífica e serena citação da
Bíblia, logo alertam contra o abuso “fundamentalista” da liberdade de opinião?
Já notaram que o simples acto de rezar em público
é tido como manifestação de “intolerância”, e que, inversamente, a proibição de
rezar é celebrada como expressão puríssima da “liberdade religiosa”?
Já notaram que, após terem dado ao termo
“fundamentalista” uma acepção sinistra por associação com o terrorismo
islâmico, os meios de comunicação mais respeitáveis e elegantes passaram a
usá-lo contra padres e crentes, católicos e evangélicos, como se os cristãos
fossem os autores e não as vítimas inermes da violência terrorista no mundo?
O que certamente não notaram é que a transição
fácil dos epítetos de “extremista” e “fundamentalista” para o de “terrorista”
já ultrapassou até mesmo a fase das mutações semânticas para se tornar um
instrumento real, prático, de intimidação estatal.
Em todos esses casos, e numa infinidade de outros,
a estratégia é sempre a mesma: quebrar as cadeias normais de associação de
ideias, inverter o senso das proporções, forçar a população a negar aquilo que
seus olhos veem e a enxergar, em vez disso, aquilo que a elite iluminada manda
enxergar.
Nenhuma palavra contra a conduta homossexual é,
pois, hoje permitida.
Ao longo de toda a história, nenhuma outra conduta humana gozou jamais de tão vastos privilégios, de tão abrangente protecção como hoje goza a conduta homossexual. Nenhuma esteve jamais imunizada por lei contra a possibilidade de críticas. Não o está, por exemplo, nenhuma conduta política. Não o está nenhuma qualidade humana, por mais excelsa e respeitável. Não o está a genialidade artística ou científica, a honestidade impoluta ou mesmo a santidade. Não o está a vida pública ou privada de quem quer que seja. Não o está nem mesmo a conduta usual de um casal heterossexual, frequentemente criticada como sintoma de trivialidade e falta de imaginação. Não o está, por fim, o próprio Deus, contra o qual se dizem e se escrevem, livremente e sem medo de punição, toda a sorte de barbaridades.
A protecção legal do homossexualismo é tão
inequivocamente demencial é tão claramente megalómana, tão desproporcional em
relação aos direitos de todas as demais pessoas e grupos, que torna essa
conduta um domínio — o único domínio — separado da vida e superior a ela,
intocável, inacessível às opiniões humanas.
O que leva alguém a defender mutações
jurídico-políticas tão monstruosas como aquelas aqui mencionadas não é nenhum
impulso sexual, seja homo, seja hetero. É a psicopatia pura e simples. Mais que
incompetentes e indignos os apóstolos de tais medidas são mentes deformadas,
perigosas, destrutivas, cuja presença em altos cargos é promessa segura de
danos e sofrimentos para toda a população.
Olavo de Carvalho
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