É um postulado geralmente aceite que a verdade se consegue manter por si própria - não precisa de ser agressivamente protegida contra qualquer ataque. Qualquer narrativa que exija uma censura militante e armadilhas linguísticas complexas para se entrincheirar dentro de uma bolha protectora, não está provavelmente relacionada com a verdade, mas com o seu oposto. 

As estruturas políticas ocidentais dominam na perfeição a técnica de armadilhar a linguagem, as ideias e as definições, mantendo-as deliberadamente vagas e ambíguas. Por exemplo, o conceito de "Democracia": sempre referido da forma mais ambígua e obscura possível, nunca explicitamente definido e, portanto, permitindo qualquer significado segundo as conveniências. "Democracia" é tudo o que a ordem ocidental considere "bom", ou melhor, útil; e qualquer país que não cumpra os diktats ocidentais - como a imposição de esquemas de engenharia social (ideologia LGBT, agenda climática, etc.) ou saque das suas riquezas naturais por corporações transnacionais – é automaticamente condenado como "não democrático".

 Todas as sociedades estão estruturadas segundo determinadas balizas, que limitam os nossos pensamentos, expressões e, sobretudo, as narrativas que compreendem um conjunto de ideias ou substratos semióticos que podem ser aceites numa dada sociedade. Falar fora desses limites é ser visto como um não-conformista e determina ser-se rejeitado e ostracizado pela "sociedade educada" e pelos círculos aceites.

Um dos exemplos mais proeminentes é o dos debates políticos constantes. Os comentadores e especialistas mais populares são aqueles que se mantêm dentro dos limites confortáveis destas "janelas" pré determinadas. Fazem-no falando dentro das regras aceites - e, por definição, permitidas – mostrando, assim, a sua submissão aos limites permitidos no debate e ao tipo retórica e de linguagem cheia de símbolos comummente aceites. Estas exibições de papagaios amestrados não passam de um jogo para nos prender dentro dos limites estabelecidos.

Para se ser "levados a sério", nestes debates, tem de se emitir os sinais correctos e a linguagem ideográfica estabelecida. Ao se aceitar falar dentro dos limites da banalidade do status quo, está-se a sinalizar que, não só se compreendem os limites estabelecidos, mas que se é "um deles" e que os nossos parceiros de debate podem ficar descansados, sabendo que não nos desviaremos do guião, nem quebraremos o feitiço lançado sobre o público. Estas são as regras tácitas que só podem sobreviver se todos "participarmos" no sonho partilhado - ou melhor, na psicose de massas generalizada.

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