
«É, hoje, um lugar-comum obrigatório associar a criminalidade às más condições de vida - isto é, à pobreza. Para a mentalidade bem pensante moderna pertencer a uma “classe social” mais desfavorecida implica, ou pelo menos justifica, em termos estatísticos, um rebaixamento moral que conduz, quase que inevitavelmente, a uma vida de violência, crime e corrupção. Para diminuir a criminalidade seria pois imperativo melhorar as condições de vida dos mais pobres. Ora, isto, em português claro, significa dizer que os pobres não são de confiança; e, também, que só se tornarão de confiança quando enriquecerem. Partindo desta tese, facilmente se poderá chegar - como as “elites” modernas chegaram - a uma conclusão, no mínimo estranha: se o facto de ficarem mais ricos faz dos pobres seres mais confiáveis, porque não confiar, desde já, nos que, actualmente, já são mais ricos? Nestes termos, não há pois como fugir à conclusão de que as elites são os nossos melhores guias - e de q...